O céu deixa de ser o limite para o Turismo

Grazielle Ueno Maccoppi (*)

Cláudio Aurélio Hernandes (*)

Um novo capítulo nasce para o turismo em meio à maior crise econômica e sanitária vivenciada pelo setor, um dos mais afetados com a pandemia do Covid-19. Alguns dos elementos que compõem este cenário são restrições de deslocamento em todo o mundo, equipamentos de lazer e entretenimento de portas fechadas (ou com funcionamento restrito), aeroportos e fronteiras monitoradas, aviões em solo.

De acordo com a Organização Mundial do Turismo, o fluxo de turistas internacionais caiu de maneira avassaladora nos últimos dois anos, chegando a 65% de queda no ano passado. Importante ressaltar que a movimentação internacional vinha em uma linha crescente por 10 anos consecutivos, alcançando uma representatividade econômica de destaque no volume mundial de exportações.

Pela perspectiva econômica, o turismo é comprovadamente um dos setores com maior capacidade de retorno rápido – o que é fundamental para a recuperação econômica mundial. Ou seja, a atividade turística é capaz de modificar e transformar dinâmicas socioeconômicas de forma acelerada e efetiva na direção do progresso econômico.

É neste contexto de desafios para o setor e de enfrentamento às desigualdades que assistimos as primeiras viagens ao espaço de forma comercial. Foram duas viagens inaugurais no mês de julho que tiveram o seu planejamento e desenvolvimento custeado por empresários bilionários, com a intenção de comercializar esta experiência num futuro próximo.

A primeira viagem foi organizada pela Virgin Galactic, empresa de Richard Branson, fundada com o propósito de comercialização de voos espaciais. Depois de vários voos testes, o primeiro voo oficial, ocorreu no dia 11 de julho. Em uma espaçonave com capacidade para oito passageiros, a empresa levou seu acionista majoritário acompanhado de outros três colegas da própria empresa, todos comprometidos em aprimorar e aperfeiçoar a comercialização das futuras viagens ao espaço.

A segunda viagem, realizada em 20 de julho foi organizada por Jeff Bezos, o homem mais rico do mundo e ex-CEO da Amazon, e sua empresa Blue Origin, a primeira a comercializar uma passagem espacial, leiloada a 28 milhões de dólares, dando o título histórico de primeiro turista espacial a um jovem de 18 anos. Quatro pessoas viajaram a bordo de uma capsula autônoma: o jovem, Bezos, seu irmão e uma aviadora norte americana aposentada de 82 anos.

As duas empresas voltadas ao segmento espacial, se tornam concorrentes diretas e prometem uma experiência turística milionária para poucos numa demonstração de que o céu não é mais o limite para o turismo.

A corrida pelo espaço com fins turísticos vem se fortalecendo e dando origem a muitas reflexões, especialmente sobre as inúmeras desigualdades que se pautam este novo segmento. Você acha isso improvável? Imagine você que há cerca de um século pouquíssimas pessoas no mundo tinham um automóvel e um número ainda menor já havia tido a chance de ver avião de perto.

Estamos diante de um momento histórico único, onde o turismo pode ser um agente de transformação da realidade e um motivador de novas perspectivas à muitas comunidades. Pensar que o turismo é, além de uma atividade econômica, um fenômeno social e humano, já nos colocaria em condições de saber que estas experiências exorbitantes demarcam uma nova era com velhas disparidades. Quais serão os limites daqui para frente?

(*) Grazielle Ueno Maccoppi é coordenadora dos Cursos de Gestão de Turismo e Gestão Empreendedora de Serviços da Escola de Gestão Comunicação e Negócios – Centro Universitário Internacional Uninter

(*) Cláudio Aurélio Hernandes é coordenador dos Cursos de Processos Gerenciais e Negócios Digitais da Escola de Gestão Comunicação e Negócios – Centro Universitário Internacional Uninter

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