Aprovação da regra fiscal diminui juros futuros
A aprovação do novo marco da política fiscal na Câmara dos Deputados fez recuar a curva de juros futuros da economia. Com isso, o dinheiro para o financiamento da atividade econômica e financiamento do próprio governo, fica mais barato. Ocorre que, com a aprovação do texto, diminui a percepção de risco dos agentes acerca da política fiscal. E como é conhecido, quanto menor o risco menor o custo do crédito, ou seja, o juro.
A curva de juros futuros é uma importante ferramenta utilizada no mercado financeiro para entender as expectativas dos investidores em relação as taxas de juros. A curva representa a relação entre os prazos de vencimento dos contratos de títulos de renda fixa e as taxas de juros correspondentes a cada um desses prazos.
Esses contratos são negociados, geralmente, de curto a longo prazo, como 30, 60, 90 dias ou até mesmo anos. Logo que foi aprovado o novo marco, por exemplo, a taxa do Depósito Interfinanceiro para janeiro de 2024, recuou a 13,26% , vindo de 13,29% no dia anterior. Para janeiro de 2025, a queda foi de 11,68% para 11,63%. Movimentos semelhantes aconteceram com os juros para 2027 e 2029.
Segundo o economista Lúcio Silva, do Grupo Euro 17, “o mercado, ao formar suas expectativas sobre a economia, leva em consideração alguns indicadores importantes, como a evolução dos gastos públicos e a trajetória da dívida pelo PIB. As novas regras fiscais apontam para a contenção dos gastos, dentro do limite de aumento das receitas e, em médio-prazo, para o equilíbrio da dívida em relação ao PIB”.
A forma da curva de juros futuros pode variar ao longo do tempo, refletindo as expectativas do mercado em relação à política monetária, inflação e outros fatores econômicos. Em condições normais, espera-se que a curva seja ascendente, ou seja, que as taxas de juros de longo prazo sejam maiores do que as taxas de curto prazo. Essa inclinação positiva é conhecida como “curva de juros normal”.
A curva de juros futuros também é importante para investidores e empresas na gestão de riscos e realização de investimentos. Por exemplo, um investidor que possui um portfólio de títulos de longo prazo pode utilizar contratos de juros futuros para proteger seu investimento contra quedas nas taxas de juros, conhecido como hedge.
A perspectiva de queda nos juros futuros costuma alterar a rentabilidade dos ativos. Em particular, os ativos pré-fixados em poder dos investidores podem ser valorizados, uma vez que carregam uma taxa de juros maior. A atenção agora é sobre o Banco Central e o Comitê de Política Monetária (Copom). Ainda segundo o economista, “os indicadores de inflação lentamente caminham para a meta, assim, no segundo semestre deve ter início um ciclo de diminuição da taxa básica de juros pelo Banco Central”.
As próximas reuniões do Copom acontecem na segunda metade de junho e início de agosto. A eventual diminuição dos juros, um ambiente de maior confiança e quiçá ganhos de produtividade decorrentes de uma possível reforma tributária, podem levar a economia brasileira a uma expansão mais consistente e duradoura.