Índia registra 379 mil casos de Covid em 24 h e leva mundo a novo recorde diário de infectados

Mundo teve mais de 900 mil casos confirmados em um único dia pela 1ª vez na pandemia. Índia foi responsável por 42% de todos os infectados do planeta nas últimas 24 horas.

Índia registrou nesta quinta-feira (29) mais um recorde mundial de novos casos de Covid-19 — o sétimo nos últimos oito dias — e levou o mundo a passar pela primeira vez dos 900 mil infectados em 24 horas.

Foram 379.308 novos casos no país e 904.893 no mundo, superando o recorde mundial anterior, de 899.755 infectados do dia 22. Os dados são do governo indiano e do “Our World in Data”, projeto ligado à Universidade de Oxford.

A Índia foi responsável por 42% de todos os novos casos do planeta nas últimas 24 horas.

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O país registrou também um novo recorde nacional de mortes (3.645), pelo quarto dia foi a nação com maior número de óbitos do mundo e, sozinho, responde por 23% de todas as vítimas da Covid-19 do planeta nas últimas 24 horas.

Índia passa por um colapso em seu sistema de saúde e também funerário, em meio à explosão de casos e mortes por Covid-19 da segunda onda.

São 2,45 milhões de infectados e mais de 20 mil vítimas da Covid-19 só nos últimos sete dias. Atualmente, tem 18,3 milhões de casos confirmados, atrás apenas dos Estados Unidos (32,2 milhões), e 204 mil óbitos, atrás de EUA (574 mil), Brasil (398 mil) e México (215 mil).

Parentes lamentam a morte de paciente de Covid-19 do lado de fora de hospital em Ahmedabad, na Índia, em 27 de abril de 2021 — Foto: Ajit Solanki/AP

Hospitais estão lotados, e profissionais de saúde enfrentam a pandemia com escassez de oxigênio e remédios. Sem leitos, doentes aguardam por atendimento em ambulâncias, em carros particulares e na rua.

Parentes desesperados recorrem ao mercado negro para comprar suprimentos e sofrem com golpes e preços exorbitantes. Com o sistema de saúde em colapso, muitos infectados morrem em casa.

Crematórios e cemitérios não conseguem atender à quantidade de corpos, e o número de funerais são muito maiores do que os balanços oficiais do governo. Cremações em massa têm sido realizadas em diversas cidades do país.

Familiares e profissionais de saúde usando EPI carregam corpos de vítimas da Covid-19 em um campo de cremação em Nova Délhi, em 27 de abril de 2021, durante a pandemia do novo coronavírus na Índia — Foto: Prakash Singh/AFP
Familiares e profissionais de saúde usando EPI carregam corpos de vítimas da Covid-19 em um campo de cremação em Nova Délhi, em 27 de abril de 2021, durante a pandemia do novo coronavírus na Índia — Foto: Prakash Singh/AFP

Ajuda internacional

Em meio ao caos sanitário no país, a comunidade internacional se mobilizou para enviar ajuda. O primeiro carregamento, com 100 ventiladores e 95 concentradores de oxigênio enviados pelo Reino Unidochegou a Délhi na terça-feira (27). Um carregamento da Rússia chegou nesta quinta-feira (29).

Estados UnidosFrançaAlemanhaCanadá e outros países também anunciaram que enviarão ajuda. Só os EUA vão enviar US$ 100 milhões em ajuda, incluindo insumos para a produção de vacinas.

A situação na Índia é “mais do que desesperadora”, declarou o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, no começo da semana.

“A OMS está fazendo tudo o que pode, fornecendo suprimentos e equipamentos essenciais, especialmente milhares de tanques de oxigênio, hospitais de campanha móveis pré-fabricados e suprimentos de laboratório”, afirmou o chefe da OMS.

Carregamento de concentradores de oxigênio, ventiladores e outros suprimentos médicos enviados pela Rússia à Índia em 29 de abril de 2021 — Foto: Ministério de Relações Exteriores da Índia via AP
Carregamento de concentradores de oxigênio, ventiladores e outros suprimentos médicos enviados pela Rússia à Índia em 29 de abril de 2021 — Foto: Ministério de Relações Exteriores da Índia via AP

Flexibilização, aglomerações e nova variante

A disparada de casos e mortes ocorre após o governo indiano ter falado em “fase final da pandemia” em março e ter flexibilizado as medidas de combate à pandemia, liberando comícios eleitorais e festivais religiosos.

Os comícios do Bharatiya Janata Party (BJP), partido do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, continuam a ocorrer e a levar multidões às ruas mesmo com os recordes diários de casos e mortes.

VÍDEO: Devotos participam do ritual de banho durante pandemia na Índia

Existe também a suspeita de que uma nova variante do coronavírus, a B.1.617, tenha contribuído para a gravidade da segunda onda no país (veja abaixo).

O governo indiano atribui a explosão de casos e mortes ao não uso de máscaras pela população e ao desrespeito ao distanciamento social.

Especialistas apontam como causas também a nova variante e o próprio governo, que se recusa a adotar um lockdown nacional e tenta responsabilizar as autoridades estaduais pela situação fora de controle.

Pessoas caminham em mercado lotado em meio à pandemia nos bairros antigos de Délhi, na Índia, em 6 de abril — Foto: Anushree Fadnavis/Reuters
Pessoas caminham em mercado lotado em meio à pandemia nos bairros antigos de Délhi, na Índia, em 6 de abril — Foto: Anushree Fadnavis/Reuters

Em meio às críticas ao enfrentamento da pandemia, o governo indiano pediu ao Twitter que tire do ar dezenas de posts que critiquem o governo — e a empresa diz ser obrigada a atender à solicitação, devido a uma lei do país.

A variante indiana

Suspeita de ser um dos motivos da segunda onda na Índiaa variante B.1.617 já foi detectada em pelo menos 17 países. E ela ainda provoca muitas dúvidas.

A OMS diz não saber se o maior índice de casos e mortes no país se deve ao fato de a cepa ser mais agressiva, à situação do sistema de saúde indiano ou a ambos.

Segundo a organização, a segunda onda pode ter sido causada por “outros comportamentos”, como o não cumprimento de restrições sanitárias e o elevado número de aglomerações.

A OMS classificou a cepa indiana como uma “variante de interesse”, não como “preocupante” (VOC), que são as mais perigosas (mais contagiosas, mais letais e capaz de resistir a vacinas).

Atualmente, as variantes classificadas como “preocupantes” são a brasileira, a britânica e a sul-africana.

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