Há quase um ano fora dos palcos, músicos independentes buscam alternativas de renda
Financiamento coletivo e plataformas como o Bandcamp tornam-se novos espaços
O setor da cultura foi um dos mais afetados até agora desde o início da pandemia. Segundo levantamento divulgado no final de 2020 pela União Brasileira de Compositores (UBC) em parceria com a ESPM, 86% dos profissionais da música tiveram perdas financeiras na pandemia. 30% do total revelou ter perdido totalmente a renda, resultando em sérios impactos na vida financeira destes trabalhadores.
Longe dos palcos presenciais e do público, os artistas independentes têm buscado alternativas para manterem a renda (ou parte dela). As lives, que explodiram no começo da pandemia, se tornaram o novo palco. Porém, ao passo em que grandes artistas obtinham patrocínios e remunerações mais altas com o novo formato, os músicos independentes, em sua grande maioria, precisaram recorrer à contribuição voluntária do público.
Leis de incentivo, plataformas e financiamento coletivo
“Em 2019, fomos aprovados em um fomento municipal pela Secretaria de Cultura de São Paulo, para a realização de espetáculos gratuitos ao longo do ano. Com a pandemia e com todos os espaços culturais fechados, recorremos às ‘apresentações de quarentena’, com cada músico gravando em sua própria casa. Foi a forma que encontramos de ficar junto ao nosso público e de honrar com o nosso compromisso artístico, recebendo por ele”, declara Eduardo Marmo, integrante da banda instrumental paulista Buena Onda Reggae Club.
A Lei Aldir Blanc, sancionada pelo Governo Federal na metade do ano passado, permitiu uma pequena injeção de recursos nos estados e municípios, viabilizando apresentações artísticas e auxiliando na manutenção de espaços culturais. Mas não foi suficiente, afinal, assim como nos demais segmentos da economia, os profissionais contavam com rendimentos mensais para sobreviverem – as leis emergenciais têm pagamentos pontuais. Por isso, estão se reinventando e buscando novas saídas.
“Estamos trabalhando para conscientizar nosso público a consumir nosso trabalho na plataforma americana Bandcamp, que remunera adequadamente os artistas. Por lá, o músico ou banda não depende de plays de streaming, e sim da compra dos seus álbuns, singles ou produtos. 85% do valor de venda vai para o artista”, explica Eduardo.
O financiamento coletivo também é outro formato que tem tomado força em tempos de pandemia. Oferecendo aos fãs recompensas especiais e exclusividades, bandas como o Braza, que alcançam uma base extensa de pessoas, optaram por esse caminho. Na página do financiamento coletivo que foi ar recentemente, a banda explica: “Viver de música nunca foi fácil. Sem a perspectiva de shows e eventos acontecendo para os próximos tempos, menos ainda.”