A marca Rio Samba e Carnaval inicia as comemorações dos seus 50 anos com série de Podcasts
Artistas, celebridades, jornalistas e pesquisadores revelam quais são seus carnavais inesquecíveis
No dia 1º de fevereiro, segunda-feira, a marca Rio Samba e Carnaval inicia as comemorações de seus 50 anos com a série de podcasts Meu Carnaval Inesquecível. São mais de 30 celebridades entre artistas, jornalistas e pesquisadores revelando detalhes de seu carnaval inesquecível em podcasts a serem lançados diariamente porque “…em fevereiro tem Carnaval” como disse Jorge Ben Jor. Nomes icônicos do carnaval carioca como Adriane Galisteu, Carlinhos de Jesus, Dudu Nobre, Selminha Sorriso, Monarco, Neguinho da Beija-Flor, Viviane Araújo, entre outros.
Com produção da Divina Comédia e curadoria de Fernando Alzuguir, a série traz personalidades de segmentos variados, com depoimentos emocionados e curiosos do carnaval que mais marcou suas vidas. Participam personalidades como Aydano André Mota, Boni, Flávia Oliveira, Leonardo Bruno, Miguel Calmom, Rita Fernandes, Ricardo Cravo Albin, Haroldo Costa, Washington Olivetto e também ícones do Carnaval como as porta-bandeiras Vilma da Portela, Babi Cruz , entre outros.
“Esta foi a forma que encontramos, mesmo em meio à pandemia, de homenagear esta festa fundamental e rica que é o Carnaval Carioca”, afirma Sérgio Ajzenberg, da Divina Comédia. “São muitas histórias, personagens, vidas dedicadas ao Maior Espetáculo da Terra, e é de suma importância mostrar isso”, conta Sérgio.
Lene DeVictor, empreendedora cultural e hoje à frente da Rio Samba e Carnaval, declara ter a missão de escrever o início da história dos próximos 50 anos dessa marca pioneira do carnaval carioca, mesmo vivendo o momento mais triste de sua vida, com a perda de seu marido, o lendário e pioneiro Maurício Mattos, morto em dezembro em decorrência da Covid-19. “Estou devastada, mas Maurício não esperaria nada diferente de mim a não ser dar continuidade ao seu legado. Vamos realizar atividades lindas e relevantes e comemorar os 50 anos da Rio Samba e Carnaval sempre em sua homenagem”, conta.
A marca Rio Samba e Carnaval comemora seu cinquentenário em 2021. Em 1972, foi lançada a primeira edição da revista homônima, primeiro programa oficial dos Desfiles das Escolas de Samba do Carnaval do Rio de Janeiro mostrando essa manifestação cultural genuinamente brasileira. Em 1976, o Camarote, por décadas, o mais desejado da Sapucaí, onde desfilaram todas as categorias de celebridades e a alta roda empresarial brasileira, como figurou na capa em página inteira do Caderno de Economia de O Globo de 1997 – matéria de Luciano Reis e Daniela Malta – RIO FAZ UM CARNAVAL DE 1 BILHÃO – Maurício Mattos conseguiu reunir em uma noite no seu camarote de uma só vez os presidentes das 4 maiores montadoras de automóveis no Brasil – comentou-se: “nesse latifúndio do samba estará boa parte do PIB nacional”.
Podcasts
Esta primeira série lançará podcasts diariamente, estreando no dia 1º de fevereiro, com o dançarino e coreógrafo Carlinhos de Jesus. Ele conta que seu Carnaval Inesquecível foi o da Mangueira, em 1999, quando coreografou a comissão de frente em homenagem aos bambas do samba, com Cartola, Ismael Silva, Donga, entre outros. Segundo ele, o impacto da comissão foi tão forte, que Lygia Santos, filha de Donga, postou-se próxima à avenida para pedir a benção a seu pai, representado por um bailarino, tamanha a autenticidade das figuras ali representadas.
O pesquisador, escritor e sambista Haroldo Costa conta que o Carnaval que mais o impressionou em todos os tempos foi o Salgueiro, com o enredo em homenagem a Chica da Silva, em 1963. “Depois do desfile, Chica da Silva se tornou uma personagem definitiva no país, a escola deixou essa contribuição para a história do Brasil”, conta o pesquisador. Quem lembra este desfile também é o diretor de TV Boni. Mas ele afirma que seu desfile inesquecível foi Ratos e Urubus, Larguem a Minha Fantasia, da Beija-Flor, em 1989, quando Joãozinho Trinta cobriu a alegoria do Cristo Redentor de plástico preto com a frase “Mesmo proibido, olhai por nós,” numa referência à proibição, feita no dia anterior ao desfile, pela Arquidiocese do Rio, de levar o Cristo Redentor no carro abre-alas. Além disso, Joãozinho levou diversos mendigos à Sapucaí, e terminou o desfile vestido de gari, com uma mangueira dando banho no povo na Apoteose. “Foi um importante rompimento com a Igreja e com tudo o que estava acontecendo naquele momento”, afirma Boni.
Esse desfile é lembrado também pelos jornalistas Aydano André Mota e Flávia de Oliveira, comentarista da Globonews. Para Aydano, este foi um desfile definidor e, para ele, considerado o maior desfile da história do Carnaval carioca. Já a jornalista Flavia Oliveira escolhe o Carnaval de 2020 como emblemático por ter sido o último antes da pandemia, e também por ter a temática negra e das religiões de origem afro nas escolas onde desfilou – Acadêmicos de Cubango, Viradouro, Grande Rio e Beija-Flor.
As porta-bandeiras Selminha Sorriso, da Beija-Flor, Babi Cruz da Mocidade e Vilma Nascimento da Portela – conhecida como Cisne da Passarela pela elegância ímpar, também deram seus depoimentos emocionados. Selminha relembra os desfiles Paulicéia Desvairada, da Estácio de Sá, de 1992, e também Áfricas, da Beija-Flor, com a escola aclamada, inclusive, por foliões de outras agremiações. Babi Cruz elege o enredo da Mocidade de 1991 Chuê, Chuá… As Águas Vão Rolar e nos conta que sua fantasia pesava oitenta quilos além outras particularidades que ninguém percebe. Já Vilma da Portela relembra um momento marcante, em 1982, quando desfilou pela União da Ilha. “Como tinha saído da Portela, achei que fossem me vaiar. Mas quando coloquei o pé na avenida e olhei para a arquibancada, vi o público todo com lenço branco gritando meu nome. Foi uma emoção que nunca senti em minha vida”, conta a porta-bandeira, uma das mais respeitadas do Carnaval.
O sambista Neguinho da Beija-Flor relembra dois carnavais à frente de sua escola, a Beija-Flor. Um deles foi seu primeiro campeonato e sua estreia com Joãozinho Trinta, com Sonhar com Rei Dá Leão, de 1976, e em 2009, em pleno tratamento contra um câncer, conseguiu defender a escola até o fim com o samba No Chuveiro da Alegria, Salve as Águas de Oxalá. Para a jornalista Rita Fernandes, presidente da Sebastiana, associação organizadora dos blocos de rua do Rio de Janeiro, selecionar um Carnaval é muito difícil, porque todos são muito importantes. Ela escolheu, então, um de bloco de rua, Escravos da Mauá, de 2020. “Foi tão diferente e tão forte que só quem estava lá talvez consiga entender. Foi catártico”.
Presidente de honra da Portela e da Velha Guarda, o cantor e compositor Monarco conta que o seu Carnaval inesquecível foi o de 1952, Brasil de Ontem, do Mestre Manacéa (Brasil já não é mais aquele/ Brasil que o tempo levou, levou/ Brasil antigo de escravo e senhor), mostrando de maneira poética uma sociedade dividida entre escravos e senhores. Esse desfile foi anulado após um grande temporal prejudicar parte do desfile da Império Serrano e obrigar os jurados a se retirarem de seus postos de avaliação. E outro samba inesquecível para ele é o Seis Datas Magnas da Nossa História, de 1953, samba de Candeia, e também de Altair Prego. “Esse foi o Carnaval mais feliz da minha vida, em 1953, quanto a Portela ganhou. Lavamos a alma, depois de ter um carnaval anulado [em 1952]”, conta Monarco.
“Minha escola é a Mangueira. Para mim é uma mistura do Corinthians com o Flamengo”, conta o publicitário Washington Olivetto. Um dos sambas mais bonitos para ele é “Exaltação à Mangueira” (Mangueira teu cenário é uma beleza), samba de Jamelão na voz de Beth Carvalho. Ele afirma que admira também os sambas do Salgueiro e Portela, mas o desfile que mais o impressionou é também Ratos e Urubus, Larguem a Minha Fantasia, da Beija-Flor, em 1989. “Foi sem dúvida nenhuma a maior revolução estética de uma escola de samba”, conta. “O mais glorioso segundo lugar em qualquer tipo de campeonato, incluindo uma escola de samba”, finaliza. Madrinha por muitos anos da bateria da Portela, Adriane Galisteu conta que tem “alguns Carnavais inesquecíveis”. Mas um dos principais, para ela, foi quando desfilou pela primeira vez no chão da avenida, após alguns anos atuando no alto dos carros alegóricos. Além disso, conta: “Eu me apaixonei pelo Carnaval, me apaixonei pelo Carnaval do Rio, me apaixonei pela Portela graças ao nosso Maurício Mattos, que sempre me convidou para desfilar na Portela”, afirma.
Os podcasts podem ser ouvidos no BuzzSprout e também nas plataformas Spotify, Apple Podcasts, Google Podcasts, entre outras.