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Entender riscos e benefícios é o segredo da menopausa

Um estudo publicado no American Journal of Obstetrics & Gynecology revelou que o congelamento de tecido ovariano pode adiar a chegada da menopausa por mais de uma década e, em alguns casos, até 30 anos. A técnica, já usada para preservar a fertilidade de mulheres submetidas à quimioterapia, está sendo estudada como alternativa para retardar esse processo natural, que afeta, aproximadamente, 30 milhões de brasileiras, ou 7,9% da população feminina, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Novidades científicas como essa, embora ainda muito recentes e em fase de testes, abrem novas perspectivas para o acompanhamento da menopausa, uma fase ainda cercada de mitos e desinformação. "Não é a solução definitiva, mas o congelamento de tecido ovariano surge como uma ferramenta promissora. A ideia é ampliar o arsenal de intervenções capazes de melhorar a qualidade de vida das mulheres nessa fase", explica o ginecologista Eduardo Motta, do Sírio-Libanês.

A menopausa costuma ocorrer entre os 45 e 55 anos e não acontece de forma brusca. "A transição ocorre de maneira lenta, à medida que a produção de hormônios diminui até não ser mais suficiente para manter a menstruação", detalha Motta. Esse processo pode trazer desconfortos intensos como ondas de calor, alterações de humor e até zumbido no ouvido, mas também exige atenção para que sinais de outras doenças não passem despercebidos. "Não é porque a mulher tem mais de 40 anos e apresenta insônia ou fraqueza que isso, necessariamente, é menopausa", alerta.

Entre os tratamentos disponíveis, o médico destaca que a reposição hormonal costuma ser eficaz, mas não serve para todas as mulheres, que devem ficar atentas e evitar o uso sem acompanhamento médico. "A reposição hormonal é um excelente tratamento e melhora muito os sintomas, mas tem limitações, contraindicações e deve ser indicada conforme o perfil de cada paciente", afirma o especialista. "É importante esclarecer que nem tudo se resolve com hormônio, mas também não é verdade que ele sempre faz mal. O segredo é entender os riscos e benefícios para cada organismo", explica Eduardo.

Além da terapia hormonal, Motta ressalta que hábitos de vida saudáveis também desempenham papel decisivo nessa jornada. Atividade física regular, alimentação equilibrada, além da redução ou abandono do álcool e do tabaco ajudam a melhorar as condições gerais do organismo, além de preservar massa óssea e muscular. "O hormônio pode ajudar, mas não substitui um estilo de vida saudável", reforça o especialista.

O médico traça, ainda, um paralelo com o uso das canetas emagrecedoras. "Os GLP1s são excelentes exemplos: ajudam no controle de diabetes, hipertensão, gordura no fígado e ainda melhoram a condição física. O problema é quando o uso passa a atender mais uma cobrança social do que uma necessidade individual. A partir desse momento, os efeitos colaterais podem superar os benefícios", pondera.

No caso do congelamento de tecido ovariano, os resultados são animadores e mostram que para uma mulher de 25 anos que congela 25% do tecido, o adiamento médio da menopausa pode variar de 12 a 15 anos. Quando o material é reimplantado em etapas fracionadas, esse atraso pode chegar a até 30 anos.

Não existe, no entanto, uma fórmula única para atravessar essa fase. Cada corpo responde de forma diferente, e a combinação entre orientação médica, cuidados com o estilo de vida e tratamentos personalizados continua sendo o caminho mais seguro.

"A menopausa é uma transição para a serenidade. Não é o fim de um ciclo, mas o início de uma nova fase, em que a mulher pode e deve ter qualidade de vida", conclui o especialista.