Especialista comenta o perfil do investidor brasileiro
Segundo um relatório da Anbima publicado em 2022, sobre o perfil dos investidores brasileiros, 23% aplicam na poupança, enquanto apenas 5% optam por fundos de investimento e títulos privados, e somente 3% escolhem títulos públicos e ações.
A pesquisa ainda aponta que 69% dos brasileiros ainda não investem, atribuindo essa situação a fatores como falta de dinheiro, desemprego, inflação e insegurança. Outro ponto impactante da pesquisa é sobre o conhecimento dos brasileiros a respeito das soluções do mercado: 72% da população afirma não conhecer qualquer tipo de produto.
João Victor Grandizoli, consultor de investimentos credenciado pela CVM e fundador da Ludens Capital, destaca que esses dados revelam a falta de conhecimento dos brasileiros, principalmente no que se refere a títulos públicos.
“Com a taxa de juros atualmente em 13,75% ao ano, investir em um título do Tesouro proporciona rentabilidade muito superior à da poupança, mesmo nos títulos pós-fixados, que são os mais seguros disponíveis. Portanto, o alto percentual de pessoas investindo na poupança indica falta de conhecimento, o que também é evidenciado no final da pesquisa”, explica o consultor.
Grandizoli acredita que a insegurança pode ser amenizada com a ajuda de consultorias e profissionais do mercado financeiro. Ele acrescenta: “Investir deve ser um processo estruturado e de longo prazo. Eventuais contratempos podem ocorrer, mas com a abordagem correta, é possível obter bons retornos no longo prazo. Um bom processo de investimento inclui análise do perfil de risco, situação atual do investidor, objetivos, composição atual do patrimônio e renda. Isso proporciona um plano realista e passa segurança ao investidor”. Vale ressaltar que os consultores de investimentos devem ser credenciados pela CVM e passar por avaliações que comprovem sua competência na área, garantindo orientações adequadas e seguras aos investidores.
A pesquisa aplicou questões padronizadas para verificar o conhecimento dos brasileiros em relação a conceitos básicos de finanças, como juros e inflação. Entre as classes A/B (maior renda), o resultado foi satisfatório, com aproximadamente 74% de acertos. No entanto, nas classes mais baixas, a educação financeira ainda precisa evoluir, com cerca de 60% de acertos na classe C e 45% nas classes D/E. Sobre isso, o consultor afirma que há um esforço por parte de consultores e planejadores financeiros para levar conhecimento às pessoas e auxiliar no processo de investimentos.
O Consultor também aborda uma outra pesquisa, dessa vez realizada pela CVM, que trata sobre golpes financeiros, a pesquisa diz que golpes envolvendo criptomoedas são a maioria hoje.
“Não vou discutir se acredito ou não nas criptomoedas como sendo o futuro, ou como forma viável de investimento, mas atualmente vemos muitos brasileiros sendo atraídos por esquemas que prometem retornos exorbitantes, alegando serem isentos de risco, o que é irreal”, afirma. Ele sugere que uma maneira de evitar esses golpes seria buscar orientação de profissionais qualificados. “O que a pesquisa mostra é que a maioria das pessoas que caem em golpes relacionado a criptomoedas, são pessoas que não possuem um portfólio bem diversificado, e buscam retornos exorbitantes, a única forma que eu vejo de melhorar essa situação é fazendo com que buscar a ajuda de um profissional seja algo mais comum.
“Assim como quando estamos doentes buscamos ajuda médica, ou quando precisamos de aconselhamento sobre leis e processos procuramos um advogado, as pessoas deveriam recorrer a profissionais qualificados ao precisar de informações sobre investimentos específicos”, complementa o consultor.