Faculdade lança projeto para conscientização do autismo
Conscientizar a população sobre o autismo para reduzir preconceito, desigualdade e alertar para a importância da busca do diagnóstico precoce, esse é o objetivo do programa de extensão lançado no dia 04 de abril com a presença de convidados, alunos e professores da faculdade de medicina FACERES.
A coordenadora do PIC – Programa de Integração Comunitária, professora Fernanda Novelli Sanfelice explica que o projeto terá visibilidade através de plataformas digitais e canal de TV. “Gravamos vídeos com entrevistas de profissionais atuantes na área e familiares de pessoas com autismo que serão exibidos pelo canal 10 da NET, canal da faculdade no YouTube, além das redes sociais oficiais da faculdade, professores e alunos. A ideia é chamar a atenção para os direitos, atendimentos e para a luta contra o preconceito de quem tem TEA,” destaca Fernanda.
O Dia Mundial de Conscientização do Autismo, 02 de abril, foi instituído pela ONU em 2008. O autismo é uma síndrome que afeta muitos aspectos da comunicação, além de influenciar também no comportamento do indivíduo. Dados do IBGE apontam que existam cerca de 2 milhões de autistas no Brasil. A população total no país é de 200 milhões de habitantes, o que significa que 1% da população estaria no espectro.
São mais de 300 mil ocorrências só no Estado de São Paulo. Contudo, apesar de numerosos, os milhões de brasileiros autistas ainda sofrem para encontrar tratamento adequado. O diagnóstico precoce determina o tratamento certo, que pode ser a chave para garantir melhor qualidade de vida para pessoas com autismo, segundo especialistas.
O advogado Marcelo Lavezo ressalta a importância da família não protelar o reconhecimento do distúrbio e os direitos da criança. Qualquer profissional da saúde especializado em autismo pode reconhecer e identificar o transtorno, embora somente o neuropsicólogo e psiquiatra podem validar o laudo.
A pessoa com transtorno do espectro autista tem direito ao acesso às ações e serviços de saúde, oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e pelo plano privado de assistência à saúde, com vistas à atenção integral às suas necessidades. “A Lei 12.764/12 garante o acesso ao diagnóstico precoce, ao atendimento multiprofissional, à nutrição adequada, aos medicamentos e as informações que auxiliem no tratamento. Independentemente do Transtorno Espectro Autista, toda criança (até 12 anos incompletos) e adolescente (entre 12 e 18 anos de idade) têm direitos previstos em lei, como por exemplo: direito ao desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade. Muitas vezes é necessário judicializar esse tratamento”, explica o advogado.
Lais Balderrama, mãe de criança com TEA alerta: há uma diferença entre detecção precoce e diagnóstico precoce. “Quando os pais percebem que algo está diferente, podem levar ao profissional para que se façam as intervenções necessárias, sem perder a janela de desenvolvimento da criança. Com o tempo, a equipe multiprofissional trabalhará para ter um diagnóstico correto, seja TEA ou não”, explica.
Lais complementa que o diagnóstico tardio traz muitas implicações para o paciente e para a família. É um indivíduo que está comprometido nas suas habilidades sociais e atividades diárias. Descobrir tardiamente aumenta a incidência de transtornos psiquiátricos que seriam evitáveis.
Para a neuropsicopedagoga especialista em ABA -Análise do Comportamento Aplicada Dra. Flávia Redondo, uma vez diagnosticado o TEA, o paciente e sua família precisam ser acompanhados pelo terapeuta para desenvolver habilidades emocionais e sociais tanto para o paciente quanto para a família. A especialista explica que não existem exames laboratoriais ou de imagem que possam identificar o TEA. Importante estar atento aos sinais e ao desenvolvimento dessa criança. “O autismo é um conjunto de sintomas e cada caso é um caso. Por isso é importante a observação de profissionais e relatos de pais, professores e pessoas próximas”, observa.
Um dos tratamentos mais seguros para o autismo é o uso de terapia comportamental (TC). “É o único tratamento baseado em evidências científicas”, afirma Dra. Flávia.