Rede 5G mudará o mundo, mas sua rápida expansão preocupa operadoras de Telecom
O estudo “Worldwide 5G Connections Forecast”, do IDC, prediz que, até o final de 2023, existirão 1.01 bilhão de conexões 5G (mobile, IoT, OT e IT) no mundo. O relatório aponta que a tecnologia 5G transformará a capacidade das empresas de criar novos casos de uso que aproveitem sua maior velocidade e capacidade de rede e, que isso inclui, tornar IoT , robótica e VR/AR uma realidade na modernização de setores como manufatura , transporte, saúde , construção e segurança pública.
O levantamento aclara ainda, que a banda larga móvel 5G aliada a SD-WAN (Software-Defined Wide Area Network) permitirá novos serviços e conexões com custos inferiores, mais confiáveis e com velocidades iguais ou superiores às conexões de banda larga fixa. O estudo do IDC avalia que os benefícios de uma arquitetura 5G e SD-WAN interconectada complementarão ou servirão como uma alternativa aceita para conectividade de banda larga fixa com fio.
André Kupfer, gerente de engenharia de vendas da Hillstone Brasil, com base no levantamento “NGMN 5G White Paper”, da Next Generation Mobile Networks Alliance, conta que a rede 5G levará o processamento de dados para as bordas da rede entregando velocidades de pelo menos 50 megabits por segundo (Mbps), com índices de latência 10 vezes mais baixos do que os oferecidos pelas redes 4G. “Em geral, acredita-se que a velocidade de processamento e entrega de dados da rede 5G é até 100 vezes superior à das redes 4G e isso permitirá que aplicações críticas como carros autônomos, cidades inteligentes, smart hospitals e indústria 4.0 se tornem cada vez mais uma realidade no Brasil e no mundo”, explica Kupfer.
Para o executivo da Hillstone, a vida das pessoas será totalmente dependente dessa nova infraestrutura digital. “Na telemedicina, por exemplo, testes de cirurgias remotas realizadas por médicos do Hospital das Clínicas, de São Paulo, a partir de conexões 5G, já são uma realidade. No início deste ano (Matéria publicada no jornal Valor Econômico) foi executada, com o apoio da Claro e da Embratel, uma PoC (Prova de Conceito) baseada em serviços 5G na frequência standalone, na faixa de 3,5 gigahertz. O teste do Hospital das Clínicas acusou índices de latência entre 10 e 15 milissegundos. Se esse experimento fosse feito com a rede 4G, a latência ficaria na faixa de minutos, inviabilizando uma aplicação crítica como cirurgias remotas”, contou Kupfer.
Para André Kupfer, a presença da rede 5G no Brasil é uma ótima notícia, no entanto, ele faz um alerta: “ou esta rede será segura desde seu projeto, ou provocará falhas em cascata”. Kupfer explica que trata-se, portanto, de um momento crítico para os líderes de operadoras de Telecom e ISPs (Internet Service Providers). O alerta de Kupfer é corroborado pelo estudo “Securing Future Smart World”, da empresa de pesquisa Business Performance Innovation Network, baseado em entrevistas com 145 executivos de operadoras de Telecom de todo o mundo indicando que 94% destes profissionais estão muito preocupados com as vulnerabilidades da rede 5G. Numa resposta de múltipla escolha, 72% angustiam-se especialmente com a possibilidade do core da rede 5G ser atacado; outros 60% têm como prioridade defender os endpoints dos seus clientes e 38% confessam enfrentar desafios relacionados à gestão da segurança digital da rede 5G e aos skills de seus times de ICT Security.
“Onde há aumento da infraestrutura digital, há aumento da superfície de ataque. Isso é potencializado pelo fato de a rede 5G ser mais distribuída do que nunca (computação de borda), totalmente wireless, Software Defined (definida por software) e virtualizada, baseada na absoluta fluidez de cargas e funções”, aclara o porta-voz da Hillstone.
Kupfer explica que, no Brasil, esse quadro é agudizado pelo fato de os Services Providers terem de oferecer serviços alinhados à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Mais do que adotar uma ou outra tecnologia, é necessário que a operadora de Telecom transforme seus processos e sua cultura organizacional. “A missão é tão desafiadora que, em agosto de 2022, a Conexis Brasil Digital (entidade que reúne grandes provedores de serviços de Telecom de todo o Brasil) lançou o Código de Boas Práticas de Proteção de Dados do Setor de Telecomunicações”, ressalta André.