Dia Mundial do Lúpus: reumatologista da SES-AM esclarece sobre diagnóstico e tratamento
É recomendado aos pacientes com a doença autoimune associar uso de medicamentos com prática de atividade física
O Dia Mundial do Lúpus é comemorado nesta terça-feira (10/05), com o objetivo de conscientizar e discutir o impacto da doença autoimune, educando a população sobre os sintomas, diagnóstico e tratamento. A reumatologista da Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM), Juliana Scrignoli, que atua na Fundação Hospital Adriano Jorge (FHAJ), explica o que é a doença, a prevenção e os sinais relevantes para a análise clínica.
De acordo com a especialista, a doença autoimune crônica, que ocorre quando o sistema imunológico do paciente ataca seus próprios órgãos e tecidos, pode inflamar várias partes do corpo, porém é tratável.
“O nosso corpo fabrica várias células de defesa, anticorpos, mas alguns deles causam inflamação no próprio corpo, faz uma reação contrária, uma agressão, e nisso inflama várias partes do corpo. Pode comprometer a articulação, pele, sistema nervoso central, rins, o sangue. A gente fala que ela é sistêmica porque compromete várias partes do corpo”, explica.
Existem dois tipos de lúpus: o cutâneo, que se restringe à pele; e o Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES), que atinge vários órgãos. Os sintomas variam de acordo com o local comprometido e inflamado no corpo. A reumatologista informa os principais sintomas da doença.
“O mais comum que a gente identifica é aquela lesão aguda na bochechinha, que dá aquela asa de borboleta, que tem relação com a exposição solar. Mas tem outras manifestações de pele também. Tem manifestação de articulação, pode inchar a junta, pode doer, pode ficar rígida, queda de cabelo, emagrecimento, dependendo do órgão que compromete pode ter uma crise convulsiva, comprometer o cérebro, alteração do funcionamento do rim, as perninhas incham, pressão eleva”, esclareceu.
Prevenção – Conforme a médica, a causa da doença ainda não foi determinada e pode ser multifatorial, genético e ambiental. Contudo, há como evitar o reaparecimento e postergar um possível gatilho.
“É um conjunto. Alterações hormonais podem desencadear a doença, mas tem que ter um fator também genético na associação. Alterações ambientais como alguns tipos de vírus, alguns hormônios tipo estrógeno, infecções”, enfatizou a médica.
Segundo a reumatologista, a genética é observada para avaliar a possibilidade de aparição da doença, e uma justificativa para adoção de hábitos e estilos de vida que ajudam a prevenir o lúpus.
“Para aqueles pacientes que já têm parentescos de primeiro grau de lúpus ou gêmeos que tiveram lúpus, o que é necessário? Evitar exposição solar, controlar o grau de estresse, atividade física, alimentação equilibrada para não ficar com obesidade e para não ficar mais inflamado, fazer os exames de rotina e observar os sintomas”, disse.
Acompanhamento – Para lúpus, o tratamento é feito de forma medicamentosa e não medicamentosa. São usados, principalmente, medicamentos como hidroxicloroquina, corticoides e imunossupressores, de acordo com a avaliação médica. Contudo, há outras orientações que acompanham o tratamento envolvendo atividades do cotidiano, conforme explica a reumatologista.
“Também temos que orientar os pacientes que é necessário não ter exposição solar porque o sol é um fator que ativa a doença. Usar protetor solar e passar várias vezes ao dia, evitar cigarro. Tabagismo é um dos fatores que ativam a doença e diminuem a eficácia dos remédios. Controlar o peso, fazer atividade física regular, psicoterapia, porque alguns dos pacientes são depressivos, angustiados pela própria doença e a situação que vivem. O tratamento é um conjunto, não só remédio”, ressaltou a médica.
Serviço – Para o início do tratamento de lúpus no Sistema Único de Saúde (SUS), é necessário que o usuário possua um encaminhamento da Unidade Básica de Saúde (UBS) ou da rede estadual de saúde para que seja direcionado ao especialista e acompanhado por equipe multiprofissional.
O profissional indicado para o tratamento da doença é o reumatologista. Uma das unidades que acompanham o diagnóstico de lúpus é a FHAJ, realizando o tratamento de forma regular. As policlínicas da rede estadual de saúde também contam com profissionais capacitados para a assistência desses pacientes.