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Brasileiros ampliam participação em produtos financeiros

A parcela de brasileiros que investem em produtos financeiros é de 37%, segundo o estudo anual Raio X do Investidor Brasileiro. Do total da população brasileira, 27 milhões aplicam em mais de um tipo de produto e 32 milhões investem apenas na poupança.

A pesquisa Perfil e Comportamento dos Investidores 2024 revela crescimento no interesse por educação financeira, registrado em 42% dos entrevistados; na busca por rentabilidade, com 45%, e na diversificação da carteira, também com 42%. De acordo com o levantamento, o principal objetivo em comum dos investidores brasileiros é a formação de reservas para a aposentadoria.

Elisiane Moreira, advogada e criadora de conteúdo financeiro, identifica mudanças significativas no perfil do investidor brasileiro nos últimos anos. Ela observa uma crescente busca por conhecimento, por liberdade financeira e por alternativas ao sistema público de previdência.

"O investidor brasileiro está amadurecendo aos poucos, ainda que a passos lentos. Há alguns anos, investir era tão somente sinônimo de guardar dinheiro na poupança. Existe uma virada de mentalidade e espero que isso seja cada vez mais crescente. As pessoas estão mais conscientes de que o dinheiro precisa trabalhar por elas, não apenas o contrário", comenta.

A criadora de conteúdo financeiro aponta os investimentos em criptomoedas como um dos principais interesses dos investidores brasileiros atualmente. "O investimento em criptomoedas é uma tendência, impulsionado pela promessa de dinheiro fácil, mas são investimentos de alto risco que exigem cuidado na hora de comprar e ao armazenar".

Entretanto, Elisiane afirma que a diversificação de produtos financeiros vem ganhando espaço. "Outro movimento evidente é a diversificação. Apesar da renda fixa atrativa, devido à Selic alta, o investidor atento entende que só ela não será suficiente na construção de patrimônio a longo prazo".

Fatores que impulsionam a mudança de comportamento

Para Elisiane Moreira, a influência digital é um dos fatores que mais influenciam o comportamento dos investidores brasileiros atualmente. No entanto, ela alerta que o medo e a desinformação ainda são os maiores vilões, que impedem muitos de começar ou de agir com o devido cuidado na hora de investir.

"Nunca tivemos tanto acesso a conteúdo sobre dinheiro, mas também nunca tivemos tanta confusão entre o que é conhecimento e o que é ruído. O investidor precisa ter uma lente criteriosa na hora de tomar as próprias decisões", pondera.

Segundo ela, o surgimento de novas fintechs com o propósito de ser uma ponte acessível para brasileiros que querem investir fora do país, sem ter que enfrentar a barreira do idioma, incentiva uma mudança de mentalidade profunda.

"É notável uma geração de investidores que não quer mais apenas depender do Brasil, mas também estão compreendendo a importância da proteção em moeda mais forte e em economias mais robustas. Nos próximos anos, veremos cada vez mais pessoas buscando internacionalizar parte de suas carteiras e investir em empresas globais", declara a advogada.

Primeiros passos para começar a investir

Elisiane adverte que antes de aplicar o dinheiro, é fundamental investir em conhecimento. "O investidor deve entender o básico sobre funcionamento do mercado, sobre setores mais consistentes na distribuição de dividendos, que fazem parte de uma economia mais tradicional, de serviços essenciais".

A criadora de conteúdo orienta ainda que o investidor iniciante comece pela reserva segura: antes mesmo de estar na bolsa, parte do dinheiro do investidor precisa ser direcionado a uma aplicação de baixo risco.

"O objetivo é oferecer segurança em caso de emergências, o que permite ao investidor seguir a estratégia e manter os investimentos na bolsa para médio e longo prazo, sem resgatar a curto prazo, por necessidades urgentes", explica Elisiane.

De acordo com a especialista, um terceiro passo é ter clareza de propósito e de qual papel cada investimento cumprirá. Elisiane destaca que o autoconhecimento é fundamental para o novo investidor, pois a decisão de investir é individual e cumprirá objetivos personalizados em um contexto particular.

"O autoconhecimento financeiro é tão importante quanto o técnico. É preciso entender que a escolha dos investimentos não é como tirar um pedido no fast food, algo que se pode copiar do outro ou sair por aí seguindo dicas aleatórias".

A advogada lembra que o investidor iniciante pode responder aos questionários obrigatórios de perfil de risco nas corretoras para identificar o seu de forma realista, todavia, o perfil de risco se revela na prática.

"Só quando você vê sua carteira oscilar é que entende seu verdadeiro limite emocional. Por isso, é importante dar o primeiro passo, começar com pouco, mas começar", finaliza Elisiane Moreira.