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Documentário ‘Amazônia na Linha do Fogo’ é lançado nesta quarta na COP30

A Agência Cenarium lança nesta quarta-feira, dia 19, o documentário Amazônia na Linha do Fogo, produzido ao longo de seis meses de 2024, revelando o cotidiano de indígenas que combatem incêndios florestais na linha de frente da maior floresta tropical do planeta. O doc mostra quem atua na proteção do bioma quando o fogo avança e transforma o território em risco permanente agravando os efeitos da crise climática na região amazônica. A produção está disponível no canal da TV Cenarium no Youtube: www.youtube.com/@TVCenarium.

Gravado em aldeias, ramais e trilhas remotas, o documentário expõe a resistência de homens e mulheres, adultos e até crianças, que caminham horas sob calor extremo para impedir a destruição de suas terras. Com narrativa direta e imagens de impacto, a produção responde à pergunta central: “Quem segura a Amazônia quando ela está em chamas?”, ao registrar a atuação das brigadas indígenas que mantêm viva a floresta.

A rotina captada pelas lentes dos profissionais revela a intensidade do que acontece na Terra Indígena (TI) Caititu, localizada em Lábrea (a 702 quilômetros de Manaus), onde 362 mil hectares são cuidados diariamente por brigadas voluntárias com o apoio de treinamento do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). A instituição é uma autarquia federal, vinculada ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), responsável por executar a política nacional de meio ambiente no Brasil.

Em 2024, o País registrou 254.525 focos de queimadas, e as Terras Indígenas tiveram um aumento expressivo de 163,6% nos incêndios em relação ao ano anterior. Em Lábrea, onde ocorre parte das filmagens do documentário, foram 4.268 focos em 2024, evidenciando a pressão crescente sobre o território, conhecido como a região do “Arco do fogo”.

Para a produtora executiva do documentário “A Amazônia na Linha do Fogo”, jornalista Paula Litaiff, o material não é apenas um registro, é um testemunho. “Acompanhar esses brigadistas é entender uma Amazônia que muitas vezes não chega às telas. É ver a força, a disciplina e o cuidado de quem conhece a floresta desde dentro. Adultos e crianças, homens e mulheres se unem para conter focos de fogo guiados por um senso coletivo de proteção”, observa.

A repórter Adrisa De Góes, que viveu com as brigadas durante as gravações, traz ao filme sua própria leitura sensível da experiência. “Mesmo cansados, eles continuam. Há um sentimento profundo de responsabilidade com a floresta, além do instinto de autoproteção. É algo que toca e transforma quem acompanha de perto”, relata.

Voluntariado

O documentário destaca também a presença crescente de brigadistas indígenas no País. Dos 3.245 contratados pelo Prevfogo, 50% são indígenas e 20% quilombolas, um reflexo da importância desses povos na preservação da floresta. Em territórios como a TI Caititu, os voluntários somam-se a esse esforço, recebendo treinamento do Ibama e aplicando técnicas de combate ao fogo alinhadas ao conhecimento tradicional.

Para além das queimadas, o filme acompanha o impacto de fatores como o avanço da pecuária, a seca extrema e o desmatamento no Arco do Fogo. Em 2023, Lábrea liderou o rebanho bovino do Amazonas, com 652 mil cabeças, refletindo mudanças profundas na paisagem. A produção mostra como essas transformações se entrelaçam com a vida de aldeias que dependem da floresta para sua saúde, alimentação e espiritualidade.

Depoimentos de lideranças fortalecem a dimensão humana do documentário. “Quando vejo uma árvore queimando, penso nas gerações que vêm depois de nós”, diz a brigadista Leonilda Apurinã, em uma das cenas mais emocionantes. O filme acompanha também o retorno dos brigadistas após horas de combate, marcados pela exaustão.

“O doc Amazônia na Linha do Fogo convoca o público a uma reflexão urgente: proteger e respeitar quem defende a floresta na Amazônia é reconhecer que os povos tradicionais sustentam, há séculos, uma das mais importantes bases que impede o colapso climático global”, aponta Paula Litaiff.

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