Remédios para emagrecer trazem benefícios além da balança
Segundo a Vigitel Brasil, publicação da ANS – Agência Nacional de Saúde Suplementar e o Ministério da Saúde, a frequência de adultos com excesso de peso aumentou no Brasil, no período entre 2008 e 2023, variando de 46,4% em 2008 a 60,9% em 2023. Esse crescimento foi observado em ambos os sexos, com maior aumento entre as mulheres, variando de 38,6% em 2008 a 55,4% em 2023. Esse cenário reforça a busca por soluções mais eficazes e seguras, além da alimentação e do exercício.
Nesse contexto, surgem os novos medicamentos para emagrecimento, que representam um avanço promissor — não somente pela perda de peso expressiva, mas também pela segurança no uso e benefícios na função renal e cardiovascular.
Originalmente pesquisados para controlar o diabetes, esses fármacos se mostraram úteis contra a obesidade durante os estudos; por isso foram conduzidas novas pesquisas que comprovaram sua eficácia e segurança para o emagrecimento. Eles estão de fato, atualmente, entre as terapias mais estudadas no mundo para depois serem apresentados às agências reguladoras (ANVISA, no Brasil) e, apenas depois de aprovadas, são fabricadas em larga escala e comercializadas no país.
Entre as novas drogas com eficácia potencial igual ou superior as já existentes em fase de estudo, estão as de aplicação oral, já que a maioria dessas medicações é aplicada por injeção semanal, com agulha fina, sempre no mesmo dia. A semaglutida, por exemplo, é a única já disponível também em versão oral, mas exige uso diário e cuidados ao ingerir para a absorção adequada.
O Dr. Lucas Moser lembra que a indicação depende de avaliação médica individualizada. “O profissional pondera os potenciais riscos e benefícios antes de recomendar o tratamento. Apesar de consideradas extremamente seguras quando bem acompanhadas, essas medicações podem causar efeitos gastrointestinais temporários, como náuseas e constipação, que geralmente são gerenciáveis com ajustes simples. Por isso é tão importante o acompanhamento médico”, afirma.
Vale lembrar que esses medicamentos não reduzem diretamente o prazer da alimentação. Algumas pessoas relatam menor desejo por alimentos específicos, como doces ou álcool, mas o prazer ao comer permanece preservado, segundo o Dr Lucas Moser..
O valor desses medicamentos ainda é um dos fatores que mais pesam na escolha por esse tipo de terapia, quando devidamente indicada por um médico. No país, os preços variam entre R$ 300 e R$ 2.500, dependendo da substância e do laboratório. Atualmente, não há cobertura por planos de saúde nem disponibilidade no SUS, sem previsão de inclusão.
Existem outros medicamentos que podem ser usados no controle da obesidade, mas a indicação varia conforme cada pessoa. Entre esses medicamentos, há os anorexígenos (anfetamínicos), que atuam inibindo o apetite no sistema nervoso central, os sacietógenos, que aumentam a sensação de saciedade, os inibidores da absorção de gorduras, que agem no intestino, impedindo a absorção de parte da gordura ingerida, por fim, os análogos de GLP-1 (Glucagon-Like Peptide-1), que é a classe de medicamentos utilizados para perda de peso mais recente e promissora, que inclui a liraglutida (Saxenda, Victoza), semaglutida (Ozempic, Wegovy, Rybelsus) e a tirzepatida (Mounjaro).
Os GLP-1 imitam hormônios intestinais que regulam o apetite, aumentam a saciedade, retardam o esvaziamento gástrico e, no caso da tirzepatida, também mimetizam o GIP (Peptídeo Inibitório Gástrico), potencializando a perda de peso. Além desses, a farmacêutica Eli Lilly divulgou, recentemente, resultados de um estudo que mostrou que a orforgliprona, uma pílula “prima” do Mounjaro, ajudou pacientes a perder peso significativamente. “Além desses medicamentos, existem estudos em andamento para trazer drogas com promessa de perda de peso ainda mais expressiva, porém são medicações que estão em estudo e ainda não podem ser consideradas aprovadas para o uso na população geral”, destaca o médico @drlucasmoser.
Abordagem multidisciplinar
O Dr. Moser destaca que a medicação é uma ferramenta valiosa — mas não substitui mudanças no estilo de vida. O tratamento ideal para obesidade envolve equipe multidisciplinar, com nutricionista, médico, educador físico e apoio psicológico para promover controle sustentável de peso, sendo a medicação apenas uma parte do processo.
Além disso, é importante o uso programado e com a inclusão de importantes mudanças nos hábitos diários. “A interrupção abrupta pode levar ao reganho de peso. Por isso, o uso desse tipo de medicamento deve ser aliado à mudanças de estilo de vida — alimentação equilibrada, atividade física, controle do estresse e sono adequado —, e a retirada deve ser gradual e avaliada pelo médico”, finaliza.