Luto impacta saúde mental e desafia políticas de bem-estar
A discussão sobre luto e bem-estar no ambiente de trabalho ganhou relevância com o reconhecimento de quadros específicos relacionados à perda. De acordo com o Ministério da Saúde, em 2022 o luto prolongado passou a integrar a Classificação Internacional de Doenças (CID-11), da Organização Mundial da Saúde, como transtorno mental. Diretrizes publicadas pela OMS em conjunto com a Organização Internacional do Trabalho indicam que cerca de 15% dos trabalhadores adultos convivem com algum transtorno mental e estimam a perda anual de aproximadamente 12 bilhões de dias de trabalho por depressão e ansiedade.
A cartilha da Sociedade Brasileira de Psicologia (SBP) orienta que o luto é um processo subjetivo, não linear e que requer escuta, acolhimento e tempo; quando não é elaborado adequadamente, pode favorecer adoecimentos emocionais. As recomendações incluem atenção às particularidades de cada pessoa e ao contexto de convívio, inclusive o trabalho.
Em abordagem voltada às organizações, o Great Place to Work Brasil sustenta que flexibilidade e escuta ativa devem orientar as ações iniciais e lista práticas como definição de políticas internas e participação em rituais de despedida, como velório, enterro, missa e o envio de coroa de flores.
Análise publicada pela HSM Management destaca a importância de abrir espaço para a conversa sobre perdas nas equipes e alerta que ignorar o tema implica custos que envolvem não apenas produtividade, mas também dimensões humanas da vida organizacional.
Nesse contexto, prestadores de serviços especializados que atuam diretamente com situações de luto relatam aumento na procura por ações humanizadas de homenagem em casos de perdas envolvendo colaboradores ou familiares. Segundo Yuri Henrique, diretor da Coroa de Flores Nobre, empresas têm buscado formas mais cuidadosas de prestar homenagens, prática que cumpre papel simbólico na cultura organizacional e no cuidado com o coletivo.
A perspectiva internacional reforça o papel das lideranças. Ainda segundo a Organização Mundial da Saúde, as diretrizes sobre saúde mental no trabalho podem ajudar a prevenir ambientes negativos e oferecer proteção e apoio necessários aos trabalhadores, avaliação que o diretor-geral Tedros Adhanom Ghebreyesus associa à capacitação de gestores e à adoção de políticas claras.