Alterações na tireoide afetam diferentes funções do corpo
Segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), a tireoide é uma glândula que atua na regulação do metabolismo, do humor, no crescimento, na fertilidade e em funções cognitivas, além de influenciar diretamente órgãos como coração, cérebro, fígado e rins. Localizada na parte anterior do pescoço, logo abaixo do pomo de Adão, a glândula produz os hormônios triiodotironina (T3) e tiroxina (T4), essenciais para o equilíbrio do organismo.
Quando a produção de hormônio da tireoide é insuficiente ocorre o hipotireoidismo, e quando é excessiva, o hipertireoidismo. Ambas as condições podem aumentar o volume da glândula — o chamado bócio — e afetam homens e mulheres em qualquer idade.
Nódulos palpáveis também podem se formar na tireoide, acometendo cerca de 10% dos adultos, e 60% das pessoas com algum problema na glândula desconhecem a condição, "conforme dados divulgados pelo Governo Federal".
A Dra. Olivia Grimaldi, médica patologista e especialista em doenças da tireoide, ressalta que os distúrbios da glândula podem afetar diferentes áreas do organismo.
"Podem surgir queda difusa dos cabelos, afinamento dos fios, pele ressecada, pálida ou manchada, aumento de peso — mesmo comendo pouco — ou dificuldade extrema de emagrecer, a energia pode diminuir, apresentando um cansaço que não melhora com o sono e lentidão mental. Além disso, podem surgir ansiedade, oscilações de humor e insônia", conta.
Sintomas e diagnóstico
A médica pontua outros sinais que merecem atenção, como intestino preso ou irregular, inchaço principalmente ao acordar ou no final do dia, frio excessivo com mãos e pés sempre gelados, unhas fracas e quebradiças, ciclo menstrual desregulado ou ausência de menstruação, frequência cardíaca mais baixa do que o normal ou sensação de "desligamento", além de refluxo, sensação de bolo na garganta ou tosse seca persistente.
De acordo com a especialista, esses sinais se parecem com sintomas de estresse, burnout, tensão pré-menstrual (TPM), menopausa ou até cansaço. Por isso, é comum que os pacientes escutem que é normal para a idade, está tudo certo nos exames, e que é só ansiedade. Para ela, o mais desafiador e frustrante para muitos pacientes é que os exames básicos nem sempre captam esse descompasso.
"Não é normal sentir que o corpo está fora de sintonia. É um sinal de que ele está pedindo ajuda. O diagnóstico correto vai muito além de exames isolados. É preciso olhar a história, os sintomas e os exames certos, com interpretação cuidadosa e personalizada, que avalia os sinais clínicos, composição corporal e o impacto real que aquela disfunção está causando na vida da paciente", reforça a médica.
Conforme destaca a patologista, a tireoide impacta diretamente no ritmo da vida do paciente. Desde a velocidade do pensamento, até como o coração bate, como o intestino funciona e como o indivíduo lida com as emoções.
De acordo com ela, uma tireoide lenta ou hiperativa desequilibra todo o sistema e, por isso, é comum que o paciente tenha a sensação de estar desconectado de si mesmo, como se não fosse mais a mesma pessoa.
"Os maiores desafios no diagnóstico precoce dessas alterações são a banalização dos sintomas e a limitação dos protocolos tradicionais. Muitos pacientes chegam até mim com exames dentro da referência, mas repletos de queixas que não são respeitadas. É fundamental escutar antes de interpretar. Com a investigação, além dos exames tradicionais, é possível encontrar a resposta que o paciente busca. Diagnóstico precoce exige sensibilidade, tempo e olhar clínico acolhedor", declara a Dra. Olivia Grimaldi.
Modelo de cuidado integrativo
Ao perceber que a abordagem convencional, baseada apenas na reposição hormonal, nem sempre era suficiente, a Dra. Olivia Grimaldi desenvolveu o método TAT – Tireoide Além da Tireoide, um protocolo próprio de tratamento para pacientes com doenças da tireoide, estruturado em três pilares. O método foca nas repercussões que as alterações da tireoide geram no organismo e inclui diagnóstico preciso, procedimentos minimamente invasivos e suporte multidisciplinar.
O primeiro passo do protocolo é um diagnóstico seguro, por meio de investigação detalhada que inclui exames como T3 livre, anticorpos tireoidianos, exames de imagem com interpretação funcional e, quando necessário, punção aspirativa por agulha fina (PAAF). Em seguida, está o acompanhamento integrado, baseado em medicina funcional, integrativa e do estilo de vida, que considera o paciente em sua totalidade, incluindo a interação da tireoide com intestino, cérebro, ovários, pele, sistema imunológico e emoções.
"O terceiro pilar é Gestão de Saúde. A partir de uma avaliação detalhada de micronutrientes essenciais, marcadores de inflamação e autoimunidade, saúde intestinal, estresse, sono, ritmos circadianos e hábitos de vida que influenciam o eixo tireoidiano é construído um plano de ação individualizado", explica a especialista.
O plano inclui alimentação terapêutica, suplementação personalizada, regulação do sono e do cortisol, organização da rotina, exercícios adequados ao perfil bioquímico, conexão emocional, propósito de vida e outros cuidados necessários. Segundo a Dra. Olivia Grimaldi, o objetivo é trabalhar com o controle da doença, educação em saúde e fortalecimento da autonomia, promovendo a restauração da energia, vitalidade e equilíbrio emocional do paciente.
"Esse modelo integrado de tratamento tem como objetivo contemplar a ablação de nódulos, uma alternativa segura à cirurgia que preserva a tireoide e pode reduzir o tempo de recuperação. A disfunção tireoidiana pode ser o gatilho, a consequência ou parte de um ciclo mais amplo de desequilíbrio. Por isso, o tratamento precisa ser multidisciplinar, com tricologia, nutrição, endocrinologia, dermatologia, saúde mental e ginecologia integrativa, costurando dados clínicos e escuta do paciente em um plano individualizado", conclui a especialista.
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