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Setembro Amarelo: escuta ativa é chave em primeiros socorros

O Brasil registra mais de 30 internações por dia motivadas por tentativas de suicídio e autolesões provocadas voluntariamente, somando 11.502 internações apenas no Sistema Único de Saúde (SUS) no intervalo de um ano. 

O dado foi levantado pela  Associação Brasileira de Medicina de Emergência (ABRAMEDE) a partir da análise de números do Ministério da Saúde referentes a 2023.

No Setembro Amarelo, considerado o mês de prevenção ao suicídio, especialistas  reforçam que, assim como existem técnicas de primeiros socorros físicos, também é necessário que profissionais da saúde aprendam os chamados primeiros socorros emocionais.

A escuta ativa — ouvir com atenção, sem julgamento ou críticas — é uma das ferramentas mais importantes para socorristas oferecerem apoio inicial a uma pessoa em sofrimento, afirma o enfermeiro Carlos Aurélio Rodrigues. Ele é fundador da escola 22Brasil Socorristas e especialista em Atendimento Pré-Hospitalar traumático no Suporte Básico de Vida. 

“O Ministério da Saúde orienta que, mesmo em situações críticas, a escuta deve ser acolhedora e objetiva, buscando compreender a queixa e transmitir segurança sem prolongar a intervenção. A escuta ativa não atrasa o atendimento porque pode ser realizada de forma simultânea às manobras técnicas, respeitando sempre o tempo da urgência e a prioridade clínica”, diz Rodrigues.

Segundo o protocolo, a fala espontânea do paciente pode indicar risco imediato de autoagressão, revelar fatores desencadeantes da crise ou mesmo trazer informações clínicas essenciais, como uso de medicamentos, histórico de tentativas, doenças pré-existentes. Ouvir atentamente contribui para a tomada de decisão rápida e para o encaminhamento adequado à rede de saúde mental, acrescenta o enfermeiro.

“A equipe deve utilizar postura calma, tom de voz firme e tranquilizador, mantendo contato visual respeitoso e evitando gestos bruscos ou autoritários. A comunicação não verbal deve transmitir segurança e acolhimento, pois a vítima pode estar em intensa angústia ou desorganização emocional”, afirma Rodrigues.

De acordo com ele, quando o atendimento é realizado com empatia e atenção ao que a pessoa expressa, o benefício é a redução da hostilidade, do medo e da agitação, o que facilita a colaboração do paciente.

O protocolo do Ministério da Saúde sugere o uso de explicações curtas durante os procedimentos técnicos, como dizer ao paciente “vou colocar essa máscara para te ajudar a respirar melhor”, demonstrando clareza e empatia, destaca Rodrigues. 

“Esse equilíbrio é considerado essencial: ao mesmo tempo em que se assegura a vida, preserva-se a dignidade e o vínculo com o paciente em crise”, pontua ele.

 

Treinamento da equipe socorrista

Os treinamentos da 22Brasil Socorristas simulam cenários de urgências em saúde mental, nos quais os profissionais podem aprender a manejar crises com técnicas de comunicação empática, estratégias de desescalonamento e respeito à vulnerabilidade emocional. Isso tem como objetivo capacitar técnicos de enfermagem e condutores a realizarem o primeiro acolhimento seguro até o encaminhamento ao serviço especializado.

O fundador do centro de formação lembra a existência da Lei Lucas (Lei nº 13.722/2018), que exige que professores e funcionários de escolas sejam capacitados em primeiros socorros, fortalecendo a cultura de prevenção e cuidado.

“O atendimento pré-hospitalar em saúde mental, como reforça o Ministério da Saúde, deve sempre unir agilidade técnica, escuta qualificada e respeito à pessoa em sofrimento psíquico. Quando o socorrista alia esses elementos, não apenas salva uma vida, mas também contribui para reduzir danos, evitar agravamentos e garantir a continuidade do cuidado em saúde mental”, salienta Rodrigues.

Para saber mais, basta acessar o site da 22Brasil Socorristas: https://22brasil.net/

 

O Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece apoio emocional gratuito e sigiloso, disponível 24 horas por dia em todo o Brasil. Para contatar, basta ligar 188.