Avanço no rastreamento do câncer de boca desenvolvido pela prefeitura conquista primeiro lugar em premiação nacional
As ações da Prefeitura de Manaus, executadas por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), para incrementar o rastreio do câncer de boca, conquistou o primeiro lugar na 1ª Mostra Comemorativa aos 20 anos da política nacional de saúde bucal “Brasil Sorridente”, realizada em Brasília (DF), nos dias 20 e 21 deste mês.
Concorrendo com trabalhos de grandes centros como São Paulo e Rio de Janeiro, que apresentaram diversos projetos no evento, a capital amazonense, que participou com apenas dois projetos, obteve a unanimidade na votação da comissão julgadora, formada por 20 integrantes.
A experiência ‘O ordenamento da Saúde Bucal para a prevenção do câncer de boca na Secretaria Municipal de Saúde de Manaus’ chamou a atenção, porque cria as condições que favorecem o diagnóstico precoce do câncer de boca, representando uma mudança na condução dos casos.
“Ganhar esse reconhecimento foi uma surpresa e, ao mesmo tempo, um grande estímulo ao nosso trabalho”, disse a gerente de Saúde Bucal, Cláudia da Silva Carvalho. Segundo ela, chegar à etapa final de avaliação, apresentando os resultados alcançados para um auditório com mais de 600 pessoas, já seria uma vitória. “Estávamos concorrendo com dois projetos e outras capitais tinham mais de uma dezena de experiências inscritas. Foi muito bom conquistar esse reconhecimento”, assinalou.
Investimento
O trabalho desenvolvido em Manaus, nasceu da necessidade de rever os fluxos até então adotados pela Gerência de Saúde Bucal frente ao número de biópsias realizadas na rede primária de atenção à saúde.
Conforme Cláudia Carvalho, o número de solicitações de biópsias reunidas no sistema de dados não refletia os procedimentos requeridos pelos profissionais de saúde da ponta, e necessitava de maior controle, para possibilitar o acompanhamento mais assertivo do usuário que tinha feito o exame.
Além de fortalecer e acompanhar o fluxo do atendimento de casos que necessitavam desse procedimento, outras frentes de trabalho foram organizadas. Uma das primeiras ações envolveu a qualificação dos servidores para a oferta do serviço de nível especializado (biópsia) nas unidades básicas de saúde, sobretudo nas regiões mais distantes do centro urbano. Antes disso, o serviço era restrito ao Centro de Especialidades Odontológicas (CEOs) da Semsa.
“A preocupação em garantir que os cirurgiões dentistas que atuam na zona rural, fossem capacitados, foi outro diferencial da experiência, porque nossa preocupação se pautou em fazer o serviço chegar naquele usuário mais vulnerável”, salientou Cláudia.
A sustentabilidade da oferta do serviço foi outro ponto ressaltado pela comissão organizadora, composta por 20 integrantes, para que o projeto conquistasse o reconhecimento, porque uma vez capacitado, o cirurgião-dentista realiza as biópsias, que são a base para o rastreamento dos casos de câncer de boca. Antes de 2022, apenas seis profissionais estavam aptos para fazer o exame e atualmente 46 estão capacitados para realizar a investigação.
Os dados apresentados comprovam a importância da iniciativa: em 2022, foram 30 biópsias apresentadas, das quais duas lâminas deram resultado positivo. Até o mês de outubro deste ano, de 232 procedimentos realizados, 15 apontaram positivo para câncer bucal.
Atualmente, o procedimento é realizado em 15 unidades da área urbana, duas na zona rural e nas duas unidades fluviais que atendem comunidades ribeirinhas, e também nos quatro CEOs distribuídos em todas as zonas geográficas de Manaus.
Mostra
A mostra que comemora os 20 anos do Brasil Sorridente, programa do Ministério da Saúde, que tem o objetivo de ampliar o acesso à saúde bucal, aconteceu no Centro de Convenções Internacionais da capital federal.
Os 540 selecionados seguiram os três eixos designados pela comissão julgadora: roda de conversa, apresentação oral e painel. A experiência exitosa de Manaus ficou entre os seis escolhidos para a etapa final da apresentação. “Justamente a modalidade que reuniu o maior número de projetos – 254 no total – sendo que a capital concorreu com apenas dois trabalhos”, rememora Cláudia Carvalho.