Impactos dos investimentos em saúde phygital nas clínicas
A transformação digital já faz parte do dia a dia de inúmeras clínicas e consultórios. Só no Brasil, o orçamento para a saúde digital cresceu 50,6% entre 2013 e 2023, atingindo o valor de R$ 1,08 bilhão em 2023, segundo dados do Boletim de Monitoramento do Orçamento da Saúde Digital.
Assim, o conceito de saúde phygital se propõe a integrar de maneira satisfatórias os mundos físico e digital para levar o melhor atendimento aos pacientes.
A palavra, construída a partir da junção de physical e digital, é a expressão que caracteriza a integração entre o espaço físico e as tecnologias digitais. Seu conceito foi cunhado por Kevin McKenzie, na época vice-presidente do Westfield Lab, durante o NRF Retail Big Show de 2015. A princípio, ele foi utilizado para se referir ao consumidor que, durante suas compras, trafega entre canais físicos e digitais via smartphone.
Agora, o phygital ganha cada vez mais espaço na área da saúde, e seu maior propósito é integrar as soluções digitais a um atendimento humanizado.
Um exemplo é o uso da telemedicina. De acordo com dados do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade de Informação (Cetic), divulgados pela Agência Brasil, pelo menos 33% dos médicos e 26% dos enfermeiros utilizaram a teleconsulta no atendimento aos pacientes em 2022.
Mas, de acordo com um artigo da Revista Saúde Business, para que o phygital agregue, de fato, valor aos empreendimentos médicos e gere mais praticidade e organização, é preciso ir além das teleconsultas.
“A proposta do phygital está na própria palavra, é integrar físico e digital de modo que as duas coisas não fiquem separadas, ou seja, é preciso levar um atendimento humanizado, focado no paciente, mas, ao mesmo tempo, utilizar recursos técnicos para aprimorar os processos e tratamentos“, comenta Richard Rivière, cofundador e CEO da empresa Versatilis System.
Dentre os benefícios dessa integração, está a gestão de estoque de medicamentos e insumos, Inteligência Artificial para apoio nos diagnósticos, acesso facilitado ao histórico médico dos pacientes por meio do Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP), e uso de robôs para cirurgias e outros cuidados clínicos.
Nesse sentido, um estudo sobre os impactos das inovações tecnológicas no setor da saúde no bem-estar social, realizado pela Associação Brasileira da Indústria de Tecnologia para Saúde (Abimed), demonstrou que 1% de aumento no chamado Índice de Tecnologia Médica aumentou 0,00868% o bem-estar da população acima de 65 anos e diminuiu 0,0253% a mortalidade infantil.
Os investimentos em tecnologia também colaboram para a análise dos perfis dos pacientes, permitindo que os profissionais entendam melhor aqueles que atendem e suas diferentes necessidades.
Richard complementa “Hoje, saúde e tecnologia caminham juntas. Em várias clínicas, o paciente agenda uma consulta de forma online, vai à consulta presencialmente, tem um contato humanizado com o médico, e faz o retorno via teleconsulta. Isso é oferecer integração, é usar o que a tecnologia tem de melhor colocando o paciente no centro do cuidado”.
Com a proposta de saúde phygital, os dois mundos precisam se unir para levar mais saúde, agilidade e comodidade a pacientes e profissionais. Assim, pode ser possível caminhar para uma medicina integrada, que agrega valor não apenas aos estabelecimentos, mas a toda a sociedade.