Psicóloga explica como lidar com birras na infância

É comum que muitos pais se sintam perdidos quando se trata das birras na infância. Alguns acabam perdendo a paciência por não saberem conduzir da melhor maneira e que cesse este comportamento. A psicóloga Carol Bitar, que é especialista em comportamento e autora do livro “Socorro, tenho filhos”, explica que as birras nada mais são que uma desregulação emocional ocasionada normalmente em razão da imaturidade neurofisiológica na infância.

A psicóloga complementa dizendo que a parte do cérebro chamada córtex pré-frontal, responsável pelo nosso gerenciamento emocional e controle dos impulsos, ainda não é tão bem desenvolvida nas crianças. Por isso, quanto menor a criança for, mais chances de as birras acontecerem. A experiência de raiva ou frustração pode ser muito mais intensa do que para os adultos, pois elas ainda não têm aparato neurológico para regular a intensidade das emoções.

Com que idade as birras acontecem?

Segundo a psicóloga, as birras surgem por volta dos dois anos, mas podem variar de criança para criança, antes ou depois. Carol diz que normalmente elas são mais intensas em torno dos 2 e 4 anos, que é quando o cérebro ainda é muito imaturo e crianças nessa faixa etária não possuem vocabulário suficiente para se expressar através das palavras.

É possível evitar?

Para a psicóloga é possível evitar a frequência das birras através de algumas estratégias de comunicação e atitudes dos pais. Alguns exemplos são:

– Fazer combinados antecipados com a crianças;
– Dar avisos prévios de que vai acabar o tempo antes de interromper as atividades que a criança gosta;
– Usar o lúdico e o humor para favorecer a cooperação e diminuir os descontroles;
– Evitar ameaças e gritos que geram ainda mais tensão e chances de desregulação por parte da criança.

Como lidar nos momentos de birra?

Carol explica que não existe uma forma universal que serve para todos os casos, tudo vai depender da idade da criança, do contexto que levou a birra, e principalmente, como a criança é tratada pelos pais ao longo dos anos.

“Se a criança durante muito tempo recebe gritos e punições frequentes, aumentará as chances de ela aprender que é assim que se resolve os problemas, com gritos e descontroles”, diz Carol.

Além disso, a especialista complementa dizendo que a criança em um momento de birra precisa do apoio dos adultos cuidadores para se acalmar. Então, o adulto pode dar colo, ensinar previamente a criança respirar caso ela já tenha aprendido antecipadamente com seus pais. É importante mostrar-se sempre disponível para ajudá-la a se acalmar.

“A criança precisa ter previsibilidade nas ações dos pais, que ela seja acolhida e ajudada no processo de autorregulação. Essa previsibilidade de respostas dos pais também ajudam na aquisição de habilidades emocionais, melhora na autorregulação e melhor desenvolvimento do cérebro”, diz a psicóloga.

Uma pesquisa de 2022 feita pela pesquisadora Tallie Z. Baram com um grupo de mães, identificou que o comportamento parental imprevisível, que ao invés de acolhimento, gera medo ou estresse para a criança, pode atrapalhar o desenvolvimento dos circuitos emocionais do cérebro da criança, aumentando a probabilidade no desenvolvimento de doença mental e abuso de substâncias mais tarde.

Já em casos de agressão física, Carol diz que é importante manter o limite corporal segurando com cuidado a mão da criança e reforçando que não se pode machucar o corpo de ninguém, mesmo em momentos de raiva.

E quando a birra acontece fora de casa?

Em situações da birra acontecer em ambiente público, o ideal é levar a criança para outro espaço mais calmo para que tanto os pais consigam focar na criança quanto diminuam os estímulos ambientais que possam atrapalhar no processo de autorregulação da criança.

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