Palestra Magna reforça a importância do diagnóstico no tratamento do paciente
Atenção à Saúde Baseada em Valor: mas de qual valor estamos falando? Este foi o tema da primeira Palestra Magna do 54º Congresso Brasileiro de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (CBPC/ML), no dia 4 de outubro.
Os Drs. Alvaro Pulchinelli, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML) e a Dra. Márcia Makdisse explicaram, em resumo, sobre como o uso racional e adequado do recurso impactar lá na ponta, na saúde do paciente e no melhor desempenho do sistema de saúde. Márcia Makdisse é médica, Mestre em Cardiologia, PhD em Medicina, MBA em Gestão da Saúde, Certificação Green Belt em VBHC e Mestre em Transformação de Sistema de Saúde (Master of Science in Health Care Transformation) pelo Value Institute for Health and Care da Universidade do Texas em Austin, USA.
O “Value Health Based”, ou seja, a saúde baseada em valor, é um conceito que abrange a todos os participantes da cadeia da saúde e eles podem influenciar tanto no resultado clínico, quanto na sustentabilidade do sistema.
Esse é um conceito que, embora não seja tão novo, vem entrando com bastante importância aqui no país e a principal interface é como o resultado do diagnóstico laboratorial pode impactar não só na saúde do paciente, quer dizer, no melhor desfecho clínico e melhor resultado do tratamento, mas no uso mais racional dos recursos financeiros e do sistema como um todo: diagnóstico, internação, medicamentoso e do sistema de saúde.
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), a ocorrência de eventos adversos devido a cuidados inseguros é provavelmente uma das 10 principais causas de morte e incapacidade no mundo. Globalmente, até 4 em cada 10 pacientes são prejudicados nos cuidados de saúde primários e ambulatoriais. Até 80% dos danos são evitáveis. Os erros mais prejudiciais estão relacionados ao diagnóstico, prescrição e uso de medicamentos. Sendo que 38,3% das reclamações dos pacientes estão relacionadas ao atraso no diagnóstico.
Estudos comprovam que o tratamento de pacientes com câncer diagnosticado precocemente é de 2 a 4 vezes mais barato que comparado ao tratamento dado às pessoas que tiveram o diagnóstico em uma fase avançada.
Os laboratórios clínicos desempenham um papel importante na tomada de decisões médicas e os avanços trazem melhorias assim como complexidades. Diagnóstico preciso é condição fundamental para tratar pacientes. Segundo estudos, cerca de 70% das decisões médicas se baseiam em resultados de exames laboratoriais, o que demonstra sua importância na cadeia assistencial. Para a SBPC/ML, os testes laboratoriais produzem informações importantes para prognóstico, diagnóstico, prevenção e estabelecimento de riscos referentes a diversas patologias e na definição de terapias personalizadas, e são minimamente invasivos para os pacientes.
“Mas para o exame ser efetivo, é preciso que o pedido do exame seja correto, pois o mau gerenciamento na utilização de procedimentos laboratoriais gera o risco de subdiagnóstico e de subtratamento, elevando o custo assistencial”, comentou Alvaro Pulchinelli Jr., vice-presidente da SBPC/ML.
Apesar da sua importância, uma meta-análise realizada ao longo de 15 anos revelou maior prevalência de subutilização (44,8%) do que a superutilização (20%) de exames laboratoriais.
Ainda que ocorra uma superutiliziação em uma camada da população, é importante frisar que os gastos com exames laboratoriais representam apenas de 1,4% (Alemanha) e 2,3% (Estados Unidos) dos gastos totais do sistema de saúde.
Mais que se preocupar com o volume, portanto, deve-se avaliar o valor e os benefícios trazidos pelos exames laboratoriais. Além dos valores financeiros, os benefícios do diagnóstico precoce também se traduz para o paciente, com tratamentos menos invasivos e que oferecem melhor qualidade de vida.