Especialista dá dicas para proteger redes sociais após ataque hacker
Ser vítima de um crime digital nas redes sociais é algo que pode acontecer com qualquer pessoa. No Brasil, a cada 7 segundos alguém é alvo de golpistas, segundo o Indicador de Tentativas de Fraude da Serasa Experian. No momento de pânico, em que não se consegue raciocinar e reagir da melhor forma, ter conhecimento sobre o que fazer é fundamental.
Por isso, o CEO do escritório de advocacia JRCLaw, Jean Cioffi, elenca 5 passos a serem tomados pelas vítimas para neutralizar o ataque criminoso e reagir, seja na retomada do domínio das contas ou até mesmo judicialmente.
Recentemente, a equipe do JRCLaw atuou no caso de invasão do Instagram profissional e da conta do cantor e produtor musical Afonso Nigro. Ele teve o perfil da rede social hackeado e o criminoso utilizou a conta para fazer anúncios de vendas de móveis, eletrodomésticos e aparelhos eletrônicos para aplicar golpes nos seguidores. Além disso, com acesso ao e-mail, o hacker buscou dados de transferências bancárias e notas fiscais para expor os contatos do produtor. Para “devolver” o acesso à conta, o criminoso exigiu R$ 1 mil.
“A pessoa se sente impotente e vulnerável, não sabe a extensão do que pode acontecer na vida pessoal e profissional. Os criminosos notaram que é mais fácil fingir ser outra pessoa e aplicar golpes em terceiros. Tem sido muito comum o sequestro de redes sociais e a roupagem tem sido a mesma: roubam as contas, postam como se estivessem vendendo equipamentos e aplicam golpe nas pessoas que se interessam por eles”, comenta Cioffi.
No caso envolvendo Nigro, algumas atitudes foram tomadas rapidamente e, com isso, foi possível a redução dos danos e até mesmo a identificação do suposto criminoso para realizar a denúncia ao banco e à polícia.
Cinco passos para se proteger após um ataque hacker:
1 – Inicialmente, como não se sabe por onde ocorreu o ataque, é preciso trocar as senhas que se tenha controle. Essa ação irá dificultar o acesso do criminoso. Ativar a checagem dupla em aplicativos como WhatsApp é uma iniciativa importante.
2 – Informar publicamente que está sendo alvo de um ataque criminoso e de que não confirma nenhuma informação exposta pelo bandido (prints, fotos, transferências). Denunciar à rede social que está sendo hackeada e pedir ajuda de conhecidos para também denunciarem.
3 – Não ceder às pressões e extorsões, por pior que pareça o prejuízo. Enviar dinheiro, somente se a quantia for irrisória (R$ 0,01), apenas para ter acesso ao nome do criminoso ou do laranja usado.
4 – Procurar ajuda especializada com profissionais de tecnologia e da área jurídica para orientar as mudanças necessárias e as futuras medidas que podem ser tomadas.
5 – Registrar um Boletim de Ocorrência (é possível fazer isso online) na Polícia Civil, fornecer todos detalhes que conseguir colher.
Pedido de indenização
“É aterrorizante quando você se vê na situação, totalmente impotente e sem saber o que fazer. Minha dica hoje é para que a pessoa mantenha a cabeça no lugar e faça todos os procedimentos recomendados. Eu tive a sorte muito grande de ter o contato de pessoas ligadas ao escritório, então, sugiro que as pessoas também recorram a profissionais para que não tenham nenhum dano maior”, comenta o cantor e produtor musical Afonso Nigro.
Cioffi comenta que é possível até mesmo entrar com pedido de pagamento de indenização, pois há a responsabilidade do setor financeiro, que permitiu o uso de uma conta por um criminoso e, também, das empresas proprietárias das redes sociais. Já há precedente favorável à vítima em caso semelhante ao de Nigro, concedido por decisão judicial no Distrito Federal.
No caso do produtor, a equipe aguarda um posicionamento das empresas envolvidas para decidir se irão recorrer à Justiça para responsabilizá-los. Neste ano, a Emenda Constitucional 115/2022, publicada em 10 de fevereiro, passou a elencar a proteção de dados pessoais como garantia fundamental do cidadão, um direito inviolável de todos os brasileiros.
Por perceber o aumento de golpes pela internet a clientes, o JRCLaw criou uma célula de segurança digital, com duas frentes de atuação: prevenção, com consultoria de medidas a serem tomadas previamente; e reação, para os casos em que a pessoa foi vítima e não sabe como agir adequadamente para ter a reparação, tanto financeira quanto de imagem. Entre os crimes envolvendo os golpes nas redes sociais, estão o de roubo de identidade e tentativa de extorsão.
Para Cioffi, é essencial também orientar os filhos ou pessoas que tenham acesso aos mesmos eletrônicos que o proprietário do aparelho. Mesmo assim, é importante ter em mente que a culpa não é da vítima. “Atitudes simples que ainda não fazem parte do cotidiano de todas pessoas podem ajudar a não acontecer uma invasão, mas elas não vão impedir. Os criminosos são cada vez mais criativos e engenhosos”, avalia o advogado.
Ele também aponta outras dicas de proteção, como:
– Criar senhas fortes e diferentes que sejam alteradas periodicamente (a cada 30 dias).
– Ativar a verificação em duas etapas quando disponibilizada.
– Desconfiar de e-mails não solicitados que peçam cliques em links ou download de arquivos.
– Ficar de olho no remetente para ver se o endereço condiz com a empresa que representa.
– Mudar o nome do aparelho para que não seja identificado nos casos em que ativa o Wi-Fi em ambientes compartilhados, principalmente se for uma pessoa conhecida.
Com o avanço da LGPD (Lei Geral de Proteção de dados) e da GPDR (Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados), empresas que coletam dados estão sofrendo multas e sansões, como é o caso da Meta (dona do Facebook, WhatsApp, Instagram) e Google, por algum tipo de violação ou estarem em desacordo com as leis de proteção de dados. Portanto, é importante ter às informações que são compartilhadas e fornecidas nas redes sociais.