Em Lábrea, povo indígena Apurinã mantém a floresta em pé em meio ao desmatamento
Terra Indígena Caititu, território do povo Apurinã, que estoca e absorve carbono da atmosfera
Quarto município no ranking de cidades brasileiras que mais emitem gases de efeito estufa por conta do elevado índice de desmatamento, Lábrea, no interior do Amazonas, tem a Terra Indígena Caititu, território do povo Apurinã, que estoca e absorve carbono da atmosfera em Lábrea.
Mesmo cercada pelo desmatamento, a área de 308 mil hectares da TI situada próximo ao centro do município, é conservada por meio de iniciativas protagonizadas pelo povo indígena. Entre as ações de destaques estão a implementação de Sistemas Agroflorestais (SAFs), atividade apoiada pelo projeto Raízes do Purus, realizado pela
Operação Amazônia Nativa (OPan), organização membro do Observatório BR-319.
Hoje, os Apurinã estão reflorestando uma área equivalente a 13 campos de futebol com SAFs, modalidade de plantio agroecológico que produz alimentos sem desmatar ou usar agrotóxicos.
De acordo com as lideranças, já são 26 unidades do sistema cultivadas em 20 aldeias. Até 2024, eles devem manejar 18 hectares de SAFs, contribuindo para a remoção de 4.366 toneladas de carbono e outros gases de efeito estufa anualmente.
“Os SAFs são estratégicos na mitigação das mudanças climáticas, porque potencializam muito a capacidade do solo através da vida microbiana, que retém gases, evitando que subam para a atmosfera e provoquem o aquecimento do ambiente” explica Sebastião Pinheiro, referência nacional da Agroecologia, que assessorou a implementação dos primeiros SAFs na TI Caititu, em 2014.
Um destaque feito pelos indígenas é a diferença de temperatura dentro dos SAFs e em área aberta é de pelo menos 10° Celsius. “As frutas atraem, também, animais, pássaros, formigas e insetos, que são importantes para a conservação do ecossistema”, explica Antonio de Miranda Neto, indigenista da Opan.
Já o excedente de produção dos SAFs é comercializado no próprio município de Lábrea, gerando renda sustentável para os indígenas. O urucum, por exemplo, é usado pela família do cacique Marcelino Apurinã para produzir um colorau que é referência de qualidade na região.
Iniciativa da Opan, o projeto Raízes do Purus tem o patrocínio da Petrobras por meio do Programa Petrobras Ambiental, e do Governo Federal, com o objetivo de contribuir para a conservação da biodiversidade no sudoeste e sul do Amazonas, onde estão as terras indígenas de Jarawara/Jamamadi/Kanamanti, Caititu, Paumari do Lago Manissuã, Paumari do Lago Paricá, Paumari do Cuniuá e Banawa, na bacia do rio Purus, e Deni e Kanamari, no rio Juruá.
Com informações do portal Raízes do Purus e Observatório319