Indicadores revelam que a igualdade de gênero no mercado de trabalho pode aumentar a lucratividade das empresas
Dados da Organização Internacional do Trabalho revelam que as empresas podem ter um aumento de 5% a 20% na lucratividade, quando há diversidade no corpo de funcionários
Dados do Fórum Econômico Mundial mostram que são precisos dois séculos para haver igualdade de gênero no mercado de trabalho. No Brasil, apenas 8,6% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres, enquanto no resto do mundo esse índice é de 16,9%.
De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), as empresas podem ter um aumento de 5% a 20% na lucratividade, quando há diversidade no corpo de funcionários.
Além disso, segundo o Banco Europeu, proporcionar às mulheres oportunidades iguais de trabalho pode gerar US$ 165 trilhões em riqueza com o melhor uso da habilidade humana.
As informações foram destacadas durante o lançamento do Fórum Nacional da Mulher Empresária, no dia 25 de maio, em Brasília. A iniciativa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) tem o objetivo de apoiar estratégias que promovam o aumento da diversidade e a participação da liderança feminina no setor empresarial.
O órgão será presidido pela diretora do Grupo Bandeirante, Mônica Monteiro, e composto por 30 conselheiras de diversos setores do empreendedorismo. Juntas, elas serão responsáveis por formular e acompanhar as políticas de contratação sem distinção de gênero, o desenvolvimento de competências, a ampliação da diversidade na indústria e a expansão de oportunidades para empresas lideradas por mulheres.
Na ocasião, a presidente do fórum, Mônica Monteiro, destacou a luta histórica das mulheres por direitos e independência financeira.
“A história da conquista do direito da mulher é um processo muito lento e doloroso. Mas nada disso será definitivo e capaz de gerar transformação real, se as mulheres não tiverem acesso à independência financeira. E isso passa por acesso a salários iguais aos homens e melhoria de acesso ao crédito para poder empreender sem grandes dificuldades.”
“Nós queremos cargos e comandos. Nós queremos condições para as mulheres empreenderem, que consigam levar suas ideias, sonhos, maturidade, que façam suas empresas e seus negócios, que criem mais empregos, que contratem muitos homens e muito mais mulheres”, acrescenta.
Antônia Rodrigues é cabeleireira e proprietária do salão Beleza Crespa, em Brasília. O empreendimento surgiu em 2014, quando ela ficou desempregada, e foi inspirado na necessidade de cuidar dos cabelos crespos das próprias filhas. Antônia afirma que enfrentou desafios por ser mulher.
“Acho que enfrentamos alguns obstáculos a mais, muitas vezes impostos pela própria sociedade. Mas nada que nós mulheres não possamos enfrentar e superar.”
A senadora Mailza Gomes (PP-AC) ressalta que mulheres e homens possuem a mesma capacidade e competência no mercado de trabalho. “Quando se tem a oportunidade, igualdade salarial e autonomia, quebramos tabus e rompemos o machismo estrutural de que as mulheres são para o lar e para a família. Quem ganha é a sociedade.”
A parlamentar também destaca o potencial da liderança feminina nas empresas. “Mesmo com as dificuldades, nós mulheres temos toda a capacidade técnica e comportamental para lidar bem com as demandas de um cargo mais alto: voz de comando, empatia. Quando uma mulher ocupa uma posição de destaque, motiva outras mulheres. E essa corrente permite eliminar pensamento de incapacidade e descobrir a autoconfiança que existe dentro de cada uma. Com nossas inúmeras habilidades e competências, contribuímos de maneira significativa para o crescimento das empresas e para a economia do país.”
Mulher na Indústria
Durante o lançamento do fórum, o presidente da CNI, Robson Andrade, destacou o papel da mulher no crescimento da indústria brasileira.
“Esse empreendedorismo, garra, vontade, conhecimento, inteligência e determinação que as mulheres têm certamente vão fazer com que a indústria brasileira possa crescer nos próximos anos e voltar a ocupar um lugar de destaque. Com o avanço da tecnologia industrial, caminhando para o 4.0, isso trouxe uma grande oportunidade para as mulheres participarem, uma vez que há um trabalho de inteligência, de capacidade de concentração, de coordenação e de liderança.”
A senadora Mailza Gomes afirma que a presença das mulheres em qualquer área do mercado de trabalho, inclusive aquelas consideradas “masculinas”, traz uma nova perspectiva e crescimento para as instituições.
“Nossa postura organizacional estimula, motiva e inspira, o que é muito importante em uma líder. Essas nossas características fizeram as organizações implementarem ações que quebrassem obstáculos que impediam a força feminina de crescer no ambiente interno. Apesar dos desafios, que ainda são muitos, seguimos firmes na luta por direitos e provando a nossa potência profissional”, afirma.
Fonte: Brasil 61