Governo do Amazonas apoia pesquisa em comunidade do rio Negro para otimização do uso da madeira
Desenvolver o potencial de utilização e beneficiamento de madeiras oriundas de resíduos florestais visando agregação de valor é a proposta do projeto de pesquisa “Otimização do uso da madeira através do design interativo”, desenvolvida em uma comunidade na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Negro. O Governo do Amazonas financia o estudo por meio do Programa de Apoio à Pesquisa – Universal Amazonas, Edital nº 006/2019, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).
O Universal Amazonas apoia pesquisas científica, tecnológica e de inovação, ou de transferência tecnológica, em todas as áreas do conhecimento, que contribuem para o desenvolvimento socioeconômico e ambiental do estado.
Coordenada pelo engenheiro florestal do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Gil Vieira, a pesquisa é desenvolvida na Comunidade Terra-Preta, na RDS do Rio Negro, por contar com uma marcenaria instalada e ter tradição na confecção de objetos de madeira. A RDS do Rio Negro se estende de Manaus a Iranduba (a 27 quilômetros da capital) e Novo Airão (distante 115 quilômetros da capital).
Conforme o projeto, são equacionados os interesses ambientais e sustentáveis com os processos de criação nas atividades projetuais e produtivas, empregando uma metodologia que não seja impositiva ou invasiva ao perfil das comunidades ribeirinhas, para desenvolver projetos de pesquisa participativa para o aproveitamento de matéria-prima residual.
Os projetos visam ainda a produção de peças sustentáveis, aliando conceitos e critérios projetuais inerentes à atividade de design com os fatores ecológicos e produtivos, de modo que os resíduos de madeira sejam aproveitados adequadamente.
As atividades de produção de artefatos de madeira também ajudam nas atividades do turismo sustentável, que está em progresso na região, avalia o coordenador.
A pesquisa propõe ainda inserir na comunidade, por meio do design, informações e métodos de beneficiamento de madeiras residuais (madeiras caídas, madeiras pescadas, resíduos da exploração da floresta manejada) com a finalidade de subsidiar uma produção comunitária que possa ser competitiva e difundida.
A intenção é estimular os ribeirinhos com vocação para a marcenaria a se apropriarem de técnicas, conceitos e ferramentas da área do design, para obter produtos competitivos para o mercado além das fronteiras, por meio de uma tecnologia acessível, que aproveite integralmente a madeira, tendo como foco o emprego de recursos informacionais que direcionem a bases adequadas e perenes no manejo florestal comunitário.
“Este projeto foi pensado na utilização da madeira produzida localmente através do manejo florestal sustentável, como também no aproveitamento de resíduos da exploração madeireira”, observa Gil Vieira, que pretende no final do projeto apresentar a metodologia e o manual de produção em outras comunidades localizadas dentro da RDS do Rio Negro.
De acordo com o pesquisador, já foram realizadas as seguintes etapas: entrevistas com os comunitários para caracterização socioeconômica e identificação de afinidades com a marcenaria, realização de oficinas para desenvolvimento do processo criativo e desenho técnico com os comunitários, oficinas de criação de protótipos com alunos e professores do curso de design da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e confecção de protótipos de pequenos objetos decorativos e painéis modulares.
“A união do meio acadêmico com os moradores de uma unidade de conservação de uso sustentável é um bom passo para termos o desenvolvimento econômico mais baseado na sustentabilidade”, frisa.
Papel fundamental
Gil Vieira destaca que a Fapeam, desde a sua criação, tem desempenhado um papel fundamental no crescimento econômico do Amazonas e com o olhar da sustentabilidade ambiental.
“Mais uma vez neste edital seguimos este viés socioambiental em nossa pesquisa. Vamos vender objetos de madeira, e não vender matéria-prima para outros estados e países. Vamos gerar empregos e renda no Amazonas”, disse Gil Vieira.
Na avaliação do pesquisador, ao desenvolverem produtos com uma identidade cultural própria, as comunidades estão promovendo a cultura e mão de obra local, como também motivam práticas sustentáveis que dão apoio às demais comunidades circunvizinhas, na promoção do desenvolvimento sustentável e do mercado de serviços ambientais advindos da floresta em pé.