Riscos de deslizamentos atingem toda região da Serra do Mar
Petrópolis (RJ) vivenciou duas tragédias causadas por deslizamentos após alto volume de chuvas: uma em fevereiro e outra no mês de março. Cerca de 250 pessoas morreram no estado do Rio de Janeiro em decorrência das chuvas apenas neste ano.
O risco de deslizamentos vai além de Petrópolis e região, atinge toda a região da Serra do Mar – a faixa litorânea que tem cerca de 500 quilômetros de extensão e abarca parte das regiões Sudeste e Sul. O alerta é do ex-diretor de Planejamento e Gestão do Instituto de Pesquisas Tecnológicas e consultor em Geologia de Engenharia e Geotecnia, Álvaro Rodrigues dos Santos.
“É uma área com instabilidade geológica e geotécnica, natural de encostas, com um dos maiores índices pluviométricos do país”, pondera o geólogo. Ele acrescenta que, na região, são frequentes os deslizamentos mesmo onde não há ocupação. “Por isso, se compreende que as intervenções humanas, sejam por obras viárias ou por urbanização, têm como decorrência a potencialização dessa grande instabilidade que já é natural”, complementa.
Santos pondera que os locais podem ser habitados, mas com técnicas de edificações adequadas. “Para que não fossem indutores de tragédias como vêm sendo”.
Para áreas de encostas, o arquiteto Benny Schvarsberg, doutor em Sociologia Urbana, orienta que são fundamentais sistemas públicos de abastecimento de água e drenagem, captação de esgoto, coleta e destinação adequada de lixo. “Muitas edificações em encostas possuem amarrações especiais e fortalecidas na estrutura, mas não é o que acontece com as casas das pessoas de baixa renda”, lamenta Schvarsberg.
Boletim do Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (CEMADEN) para esta quarta-feira (06) aponta para o risco moderado para a possibilidade de ocorrência de deslizamentos de terra no Litoral Sul Fluminense e Litoral Norte Paulista, “com destaque para os municípios de Angra dos Reis, Paraty e Ubatuba, devido aos elevados acumulados observados nos últimos dias (superiores a 800 mm em Angra dos Reis em 120h e superiores a 600 mm em Paraty em 120h) e à possibilidade de chuva fraca ao longo do dia”, diz a nota. No dia 16 de fevereiro, quando choveu em Petrópolis – em apenas três horas o volume esperado para todo o mês, o boletim do CEMADEN alertou para risco muito alto na região.
A prefeitura de Petrópolis afirmou que possui um sistema de alertas por meio de sirenes em localidades vulneráveis às intempéries, avisos por SMS e equipes capacitadas para atendimento emergencial de campo e vistorias técnicas de terrenos e edificações afetados por ocorrências geológicas causadas por temporais. Informou ainda que, desde 2013, vem aprimorando e fortalecendo o Plano de Contingência de Petrópolis para deslizamentos e inundações. “O documento define o que cabe a cada órgão municipal, estadual e federal em uma situação de desastre natural”, esclareceu o órgão em nota. Além disso, capacitou – entre 2013 e 2016 – quase 600voluntários, de 61 comunidades, e 300 estudantes para atuar na prevenção de desestressa e chuvas.