Brasileira recebe prêmio internacional por contribuição notável à proteção de áreas naturais
A engenheira florestal Denise Marçal Rambaldi recebeu nesta quarta-feira, 17, o “Prêmio Fred Packard” por sua contribuição notável para as áreas protegidas. A honraria – considerada uma das mais importantes do setor a nível global – foi outorgada pela Comissão Mundial de Áreas Protegidas da International Union for Conservation of Nature (IUCN), durante evento online sediado em Genebra, na Suíça.
Mestre em Ciência Ambiental e também bacharel em Direito, Denise tem sólida carreira em instituições com foco na conservação da natureza. Com 34 anos de experiência em unidades de conservação, ela trabalhou 22 anos na Associação Mico-Leão-Dourado (AMLD), localizada na Reserva Biológica Poço das Antas, nos municípios de Silva Jardim e Casimiro de Abreu (RJ). Pioneira no Brasil, a reserva criada em 1974 é área central da distribuição do mico-leão-dourado, espécie ameaçada que se transformou em um símbolo do movimento ambientalista brasileiro. “É uma honra ser distinguida pela IUCN, especialmente em tempos tão desafiadores. Manter a biodiversidade é, talvez, um dos maiores desafios da atualidade, e as Unidades de Conservação e outras áreas protegidas são nossos principais instrumentos para a sua proteção. Iniciativas como o Prêmio Fred Packard lançam luz sobre a importância do ambiente natural equilibrado para a humanidade e sua prosperidade e inspiram as novas gerações de ambientalistas brasileiros”, afirma Denise.
Para a diretora executiva da Fundação Grupo Boticário, Malu Nunes, Denise tem notável contribuição para a conservação da natureza brasileira. “Ela desenvolveu um trabalho visionário no planejamento e estabelecimento de corredores florestais que conectam áreas protegidas públicas e privadas, proporcionando novos caminhos para a vida selvagem na Mata Atlântica. Além disso, a interlocução de Denise com o poder público teve grande importância no desenvolvimento de políticas ambientais para preservação e gestão de espécies ameaçadas e áreas protegidas, para combater espécies invasoras e, também, para se preparar para os efeitos das mudanças climáticas”, destaca.
Além de Denise, também foram premiados pela IUCN os ambientalistas Dan Laffoley (Reino Unido), Dave MacKinnon (Canadá), Jim Barnes (França), Pedro Rosabal (Cuba/Suíça), Penelope Figgis (Austrália), Romeo Trono (Filipinas), Sarat Badu Gidda (Índia) e Silvana Campello (Brasil).
Espécie próxima da extinção
No início da década de 1970, o mico-leão-dourado foi classificado como espécie altamente ameaçada pela IUCN, chegando a contar com apenas 250 indivíduos em todo o mundo. Sob a liderança de Denise Rambaldi, graças à integração de áreas particulares e reservas federais, totalizando 26 mil hectares protegidos – área maior que a cidade de Recife (PE) –, a população do mico-leão-dourado atingiu 1.500 indivíduos em 2010, sendo removida da lista vermelha e saindo do nível “perigo crítico” para “em perigo”.
Durante sua gestão na AMLD, de 1994 a 2010, a ambientalista liderou a instituição no desenvolvimento de parcerias com zoológicos, universidades, governos nacionais e internacionais e ONGs. “Foi uma contribuição científica muito importante para a formulação e implementação de políticas públicas de conservação ambiental e desenvolvimento sustentável em níveis local, nacional e internacional”, ressalta Denise.
Além do trabalho destacado na proteção ao mico-leão-dourado, especialmente no estado do Rio de Janeiro, Denise teve importante atuação em Minas Gerais, onde contribuiu com o planejamento do Parque Estadual do Rio Doce, como funcionária do Instituto Estadual de Florestas. Na época, foi diretora do Parque Estadual do Ibitipoca e do Parque Eurico Figueiredo. Desde a década de 1990, faz parte de instituições, comitês e grupos de especialistas que contribuem para multiplicar o impacto de seu trabalho, opiniões e esforços de cooperação.
Denise faz parte do Plano de Ação Nacional (PAN) dos Rivulideos; é chefe da APA Macaé de Cima (RJ); é colaboradora, entre diversas instituições públicas e privadas, do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio), do Comitê Internacional para Conservação e Gestão do Mico-Leão-Dourado, do Grupo de Especialistas em Primatas da IUCN e do Conselho de Ética da Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Rio de Janeiro; além de compor o Conselho Curador da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. A engenheira florestal também foi membro do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), responsável pela discussão e definição de padrões e procedimentos ambientais nacionais, e de Conselhos de Unidades de Conservação federais, estaduais e municipais.