“Pix Cobrança” e “Pix Garantido” devem aumentar volume de transações do sistema 2021
O Pix movimentou R$ 150,3 bilhões em 2020, em cerca de 176 milhões de transações. O fluxo diário relativo ao sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central foi de aproximadamente R$ 3,3 bilhões, considerando os menos de dois meses que o sistema ficou no ar. A tendência para 2021, é que esses números cresçam consideravelmente, especialmente em função de novas funcionalidades que devem ser integradas ao mecanismo.
No ano passado, de acordo com números do Banco Central, o maior volume de uso do Pix foi na modalidade entre pessoas físicas – 85% em novembro e dezembro. Para o Product Manager da fintech Juno, especializada em desburocratização de serviços financeiros, Gabriel Falk, há duas novidades do Pix que devem fazer com que o sistema seja mais usado também entre empresas, aumentando o seu potencial de aplicações ao longo do ano. A partir de março, será possível incluir juros, multas, desconto e data de vencimento – a exemplo dos boletos bancários. “Por enquanto, o Pix tem sido usado mais como transferência bancária. Até março, espera-se que essas melhorias façam com que o Pix Cobrança se torne mais aplicado por empresas”, explica.
A segunda inovação está relacionada ao que se convém chamar de “Pix Garantido”, que visa simular o funcionamento de um cartão de crédito. Trata-se de uma compra que será paga em parcelas e cuja projeção é para entrar em vigor ainda no primeiro semestre. “A ideia é pegar este recurso disponível e congelá-lo em algumas parcelas, como se fosse uma transação parcelada”, explica Falk. A diferença está no fato de que, com o Pix, é preciso ter o dinheiro disponível, enquanto com o cartão de crédito se trabalha com a possibilidade de receber aquele recurso no futuro. “Será um formato seguro, considerando que se faz uma reserva do recurso”, acrescenta.
Não é segredo que o pagamento em parcelas é do gosto do brasileiro. “A expectativa é que o Pix ganhe mais este método de uso, com a possibilidade de transações à vista ou a prazo”, diz Falk. Em 2019, mais da metade dos brasileiros adultos – 53% – realizou compras parceladas, segundo pesquisa da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) e SPC Brasil. O país contava com 122 milhões de cartões de créditos ativos – mais de 221 milhões emitidos – no fim de 2019, segundo o último dado disponibilizado pelo Banco Central.
Mais um serviço específico
Embora muitas previsões apontem para a possibilidade de o Pix ser um substituto do cartão de débito e potencialmente o de crédito com suas aplicações, Falk acredita que é uma solução que chega para somar. Ele cita o exemplo do cheque, um serviço de pagamento pouco usado por uma parte mais jovem da população, mas que continua a ser aplicado em um volume elevado.
Em 2019, o Brasil teve mais de 550 milhões de transações (incluindo as entre bancos) realizadas com cheques, somando R$ 1,5 bilhão. O número é bem inferior ao volume de operações com cartão de crédito (9,9 milhões), débito (10,8 milhões) ou mesmo transferências (11,8 milhões). “Mesmo que esteja em uma curva descendente, o cheque continua em uso. Para essas pessoas, o sistema funciona e está tudo bem. Em um país tão grande e diverso, é comum que esses serviços se complementem”, completa.