Comércio de Manaus teme desabastecimento por conta do coronavírus
Representantes de entidades comerciais do Amazonas mostram preocupação com o desabastecimento e principalmente com a saúde dos funcionários
O surto de casos do novo coronavírus, declarado pandemia pela Organização Mundial de Saúde (OMS), trouxe diversas consequências na economia e comércio internacional, quanto ao Brasil, os impactos devem se aproximar gradativamente, afirma especialistas.
Representantes da Fecomércio, Câmara de Dirigentes Lojistas e Associação dos Lojistas do Amazonas, mostraram preocupação com os diversos reflexos diferentes do vírus que agora também chegou em Manaus, com a confirmação do primeiro caso na sexta-feira, 13.
Abastecimento em risco
O assessor econômico da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado (Fecomércio), José Fernando Pereira da Silva, afirma que o vírus pode trazer impacto na atividade comercial e no abastecimento externo. “O impacto da pandemia no estado do Amazonas pode influir principalmente no câmbio de abastecimento externo, visto que várias massas de produções comercializadas na capital são abastecidas através de exportação”, comentou José Fernando. “A valorização do produto externo e consequentemente a possibilidade de aumento nos preços, principalmente industriais, poderia causar uma crise de abastecimento que pode se arrastar por alguns meses”, explica o assessor.
CDL preocupada com os comerciários
Quem também demonstra preocupação com a proliferação do vírus é a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL). Segundo o presidente Ralph Assayag, o momento é de muita preocupação principalmente com a integridade da saúde de funcionários que trabalham diretamente com os clientes. “No momento a nossa maior preocupação é com a integridade dos funcionários e clientes que possam estar nesse meio”, alertou o presidente. “Estamos lidando com uma pandemia transmitida pelo ar, nosso dever agora é providenciar maneiras de prover segurança para funcionários, principalmente os que trabalham na área do varejo”, ressaltou Assayag.
Estratégias para não parar o comércio
A Associação dos Lojistas teme as possíveis altas no mercado de abastecimento mas também enfatiza que agora toda a atenção está voltada para saúde de clientes. Em entrevista, André Gesta, representante da associação, leva em consideração que os reflexos da pandemia podem trazer influência no mercado, mas a segurança de profissionais e clientes ainda é mais importante. “Nossas atenções agora estão em encontrar maneiras de continuar trabalhando apesar do surto”, explicou Gesta. “Sabemos da gravidade do coronavírus e agora é reforçar em álcool em gel para funcionários, manter vitrines e produtos de acesso direto extremamente higienizados”, elencou. “A segurança dos clientes e dos funcionários continua sendo prioridade”, enfatiza o assessor.
Impactos na economia brasileira
A Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) afirmou na última segunda-feira, 9, que os impactos do surto do novo coronavírus já são sentidos por 70% das empresas do setor no país. As informações são parte da terceira sondagem sobre os impactados da doença que a associação realizou com fabricantes de eletrônicos, e refletem um aumento em relação às pesquisas anteriores. A China é justamente a principal fonte de componentes do Brasil, com 42% do volume total. O país é um dos principais vendedores de chips, circuitos integrados e outras partes e peças que vão se tornar celulares, máquinas de lavar, televisores e diversos outros eletrônicos em outros países.