Gestão, gerenciamento e destinação dos resíduos sólidos: cenário de 16 cidades do AM estão em obra de professores da UEA

Um brasileiro produz mais de 1kg de lixo por dia, como constata o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil de 2020. Mas de que forma é gerido esse lixo? O livro “Resíduos Sólidos: Municípios do Estado do Amazonas 2019” reúne um panorama da gestão, gerenciamento e destinação dos resíduos sólidos de 16 municípios do Amazonas, organizado por professores da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), sob a coordenação do conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-AM), Júlio Corrêa Pinheiro.

O lançamento ocorreu nesta segunda-feira (06/06), durante o seminário de Gestão Pública de Resíduos Sólidos: desafios e oportunidades, que contou com a participação do presidente do TCE, Érico Xavier Desterro e Silva, da diretora do meio ambiente do TCE, Anete Marque; e da gerente de projetos da organização dos Estados Ibero-Americanos, Telma Maria Teixeira da Silva, além do reitor da UEA, André Zogahib.

De acordo com o conselheiro do TCE, a obra surgiu de conversas com os professores da universidade, liderados pelo professor e diretor da Agência de Inovação (Agin) da UEA, Antônio Mesquita, a partir dos trabalhos de controle ambiental que o TCE realiza desde 2010 como auditorias ambientais na área de resíduos sólidos, conservação, manejo florestal, licenciamento ambiental e abastecimento de água.

“Juntamos as experiências e relatórios do TCE e dos professores da universidade, além do trabalho de campo dos nossos técnicos. Mas, na verdade, temos muito mais lixões que foram visitados. Aí é só uma amostragem, mas vai servir como parâmetro para que possamos demonstrar o que acontece não só aqui no Amazonas, mas também nos 5.580 municípios do Brasil”, explicou Júlio Pinheiro.

No Brasil, o Plano Nacional de Resíduos Sólidos foi regulamentado após 12 anos de espera. A política prevê o incentivo à coleta seletiva, reciclagem, a redução na geração de resíduos, a eliminação dos lixões, a logística reversa, entre outros pontos. Mas Pinheiro ainda vê com muita crítica a destinação final dos resíduos no País. “Não temos aterros sanitários e um ajuste e tratamento correto dos resíduos. Então o que acontece? Uma série de problemas de ordem socioambiental além de saúde pública, considerando que os lixões são reservatórios de doenças”, observa.

O coordenador do livro acredita que as batalhas para a implementação do Plano no Brasil são grandes. “O lixo não tem para onde ir a não ser que a gente encaminhe mecanismos de beneficiamento. Temos tudo para produzir e estabelecer a política do lixo zero. Vejo com muita tristeza a falta de vontade política para implementar a correta destinação dos resíduos. Falta vontade mas, acima de tudo, falta senso de civilidade das pessoas”, disse.

Universidade e resíduos sólidos 

Para Júlio Pinheiro, a universidade se debruça sobre os aspectos científicos do conhecimento para transmitir aos alunos das diversas áreas do conhecimento relacionadas ao meio ambiente. “A partir do momento que convidamos a universidade para participar de um projeto com o TCE é que entendemos que o conhecimento e a expertise da universidade são a busca dentro da ciência pelo conhecimento. A universidade é a que tem mais aptidão para transmitir isso, não só para a sociedade”, avalia.

O livro reúne a gestão dos resíduos sólidos das cidades de Anamã, Anori, Borba, Careiro Castanho, Careiro da Várzea, Coari, Itapiranga, Manaquiri, Maués, Nhamundá, Novo Airão, Novo Aripuanã, Parintins, Presidente Figueiredo, Rio Preto da Eva e Silves.

Os professores que integram o livro são Anete Jeane Marques Ferreira, Lany Mayre Iglesias Reis, Sérgio Augusto Meleiro da Silva, Janete Lapa Aguila, José Luiz Sansone, Antônio de Lima Mesquita, Carla Souza Calheiros, Fábio de Sousa Cardoso, Jacklene Briglia Amoédo, Júlio Assis Corrêa Pinheiro, Nádia Verçosa de Medeiros Raposo, Neliane de Sousa Alves, Raimundo Claudio de Sousa Gomes, Regina Yanako Moriya, Rubelmar de Azevedo Filho e Valdete Santos de Araújo.

A capa da obra ganhou a ilustração do pintor e escritor amazonense Rui Machado. “Rui fez um trabalho extraordinário, belíssimo e emblemático. Um indígena colhendo latas, garrafas pet, na verdade rejeitos e resíduos resultado do que é depositado nos lixões. Para gerar uma reflexão da nossa responsabilidade com toda a sociedade”, explica o coordenador da obra.

A obra conta, ainda, com o prefácio do autor do anteprojeto de resíduos sólidos, Fábio José Feldmann. “O professor fez o prefácio do livro de forma muito gentil e em respeito à universidade porque ele é um defensor vigoroso de que a academia participe com as instituições e projetos importantes como esse”, finalizou Júlio Pinheiro.

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